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Luta contra as portagens vai continuar

Comissão de Utentes reitera que fim da cobrança na A23, A24 e A25 é «um imperativo nacional»

A Comissão de Utentes Contra as Portagens na A25, A23 e A24 prometeu, durante o “Fórum Defender o Interior/Pôr Fim às Portagens”, que decorreu em Viseu no sábado, que vai «continuar a luta contra as portagens, em defesa do interior».

Francisco Almeida, porta-voz da comissão, voltou a defender que o princípio do utilizador/pagador deve ser «firmemente combatido, a não ser que alguém queira aplicá-lo a toda a vida nacional». O representante dos utilizadores da A25, A23 e A24 criticou ainda o fim das isenções para cidadãos e empresas da região, depois da «malfeitoria que foi a introdução das portagens», e recordou que estas autoestradas servem regiões que ficam «muito aquém da média nacional no que respeita ao poder de compra e ao PIB por habitante», além de possuírem «traçados que ficam muito longe do padrão que permite classificá-las de autoestradas».

Durante o Fórum, salientou-se que a construção da A23, A24 e A25 sem custos para o utilizador «veio contribuir substantivamente para quebrar o ciclo de desvitalização económica e social» do interior, permitindo a «localização de novas empresas» e «melhorando a coesão económica e territorial do país». Uma evolução que sofreu um «retrocesso» com a introdução de portagens, «uma má medida de política económica que não serve as finanças públicas e penaliza o interior, as populações e as empresas», sustenta o documento final deste fórum. Por outro lado, «os fluxos de trânsito diminuíram cerca de 40 por cento, acentuando o desgaste das estradas nacionais e municipais, aumentando o tempo de deslocação, piorando as condições de atividade das empresas e comprometendo a segurança rodoviária».

Nesse sentido, os participantes no debate consideram que o fim imediato da cobrança de portagens nestas autoestradas é «um imperativo nacional». O fórum terminou com um apelo à convergência com outras comissões de utentes para contestar as portagens.

A23 é a segunda autoestrada que perde mais tráfego

O número de automóveis que circulam nas autoestradas portuguesas caiu drasticamente no terceiro trimestre de 2012, face ao mesmo período do ano anterior. No total, houve menos 245 mil veículos a utilizar estas vias, comparativamente ao número observado em período homólogo de 2011, o que se traduz numa quebra de 15,7 por cento.

Nas ex-SCUT, a redução é ainda maior, cifrando-se nos 50 por cento, muito por culpa da introdução de portagens. Entre estas, destaca-se a autoestrada da Beira Interior (A23), que entre julho e setembro foi utilizada por 1.276.932 veículos, menos 42,5 por cento que nos mesmos meses de 2011, uma variação só ultrapassada pela A22 (Via do Infante), com 45,3 por cento. Na A23, o troço Benespera-Guarda foi o que mais tráfego perdeu, com uma quebra de 41,4 por cento. Já pela A25 circularam neste período 2.152.906 veículos, menos 22,6 por cento face a 2011.

Fábio Gomes A23 perdeu 42,5 por cento do tráfego no terceiro trimestre do ano passado

Comentários dos nossos leitores
antonio vasco saraiva da silva vascosil@live.com.pt
Comentário:
A criação de portagens é uma vergonha nacional. Isto só acontece porque os órgãos representativos deste interior moribundo estão doentes. Não há gente à altura das responsabilidades, não há gente com capacidade de impor ao Governo central a defesa de uma região já fustigada pela desertificação, não há gente capaz de fazer chegar a sua voz e de negociar um orçamento, nem que para isso tenha que se vender, em troca de um queijo limiano. Vemos cada vez mais este interior ser assaltado por autênticos lobos, que teimam em tirar-nos aquilo que melhor temos, as suas gentes. Por isso digo: vergonha nacional.
 
antonio vasco saraiva da silva vascosil@live.com.pt
Comentário:
E quando nos tirarem tudo, o que nos resta? Pobre interior, mergulhado sem chama, sem projeto, sem alma. Para quando fazer ver a esta gente de Lisboa que o interior é uma região com mais valia para Portugal. Eles, em Lisboa, nada cultivam. Só consomem aquilo que nós cultivamos, (…), nós aqui somos diferentes pela forma como fazemos face às dificuldades. Este povo está habituado a pegar o touro pelos cornos e não a ser enrabado com medidas de exploração. Alguém que levante a voz deste nosso interior, senão teremos de o fazer juntos! Não temos um Pinto da Costa, nem um Valentim Loureiro, nem um Campelo, ou até um Isaltino Morais, falta de facto alguém que seja capaz de impor a diferença, alguém que tenha a capacidade de atrair para o interior investimento e, sobretudo, não deixar levar aquilo que melhor ainda aqui temos. Ao nos pedirem para emigrar, estão a pedir para desertificar a nossa região, grandes são aqueles que enfrentam a crise, grandes são aqueles que ficam, mas heróis são os que partem em busca de uma solução diferente e não estão para aturar este assalto ao interior. Um país constrói-se com medidas que passem pelo desenvolvimento do interior, que não deve continuar a ser esquecido e atropelado nos seus valores e riquezas, nos costumes e tradições. Em suma, naquilo que é a dignidade de um povo! Pois portugal é também o seu interior! Acordemos para a responsabilidade que cada um tem na defesa desta região.
 

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