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Lideranças fortes

O paradigma das normas e protocolos, de certificações e de codificações, de registo de tudo e de quantificação ao absurdo, acarretou a compra de milhares de computadores, de programas informáticos, de sistemas operativos que conseguem beber toda aquela fonte de informação e equacionar dados que seriam úteis para a governação. Se temos um controlo biométrico, se temos um código para cada gesto, programas que detetam por impressão digital a nossa presença, então pouco faltava para saber em cada momento e a cada esquina: quem, como, com quê e onde.

O paradigma de substituir medíocres por mecanismos de controlo nunca seria capaz de vencer o engenho das pessoas, pois há fatores fundamentais que balizam os comportamentos. Se um chefe é absentista, se um diretor não tem critérios uniformes, se um presidente não é honesto, nada fará com que outros cumpram.

O exemplo é a maior arma contra as doenças da falta de zelo: não sei, não sou capaz, não fui eu, não me disseram.

A liderança é a única arma que impede o absentismo: porque está presente, porque trabalha, porque cumpre mais que todos os outros.

Ninguém sobe para se ausentar de funções ou para deixar de ter tarefas. Um líder não precisa ter mais aptidões, mais experiência, mais capacidade de gerir conflitos. Pode liderar de modo despótico, de modo coloquial, de modo exemplar, entre outros. Será uma discussão de método e de estilo. Pessoalmente, entendo que a aqueles que admiramos são melhores líderes.

O que queremos de um líder? Que compreenda, que tenha critérios inteligíveis, que defina objetivos, que premeie os melhores, que defina as fronteiras e coerentemente as mantenha para todos. Que seja imune à graxa, intolerante ao laxismo, duro com a negligência. Um líder ensina, promove o ensino, diversifica, especializa e cria excelência.

Mas nada disto se compadece com permitir a ausência, esquecer definir as tarefas, vigiar o trabalho realizado, verificar o cumprimento de objetivos, deixar diminuir a produção, a qualidade, a higiene e a segurança.

Os computadores permitem registar e fazer melhor os cálculos de gestão mas não devem interferir com a humanidade, com a dedicação com a presença junto às pessoas. Acredito que com bons líderes se gasta menos, com bons diretores se falta menos e se cumpre mais. Firmemente me convenço que a liderança deve ter um tempo útil (doutro modo corrompe, ou adultera) e deve ser vigiada por entidades independentes e desconhecidas. Quem não é líder não consegue atingir os patamares de gestão.

Por: Diogo Cabrita

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