Os apoiantes e simpatizantes do Mileu Sport Clube, na Guarda, estão a ser desafiados a contribuir para comprar o Campo António dos Santos que as Finanças querem vender num leilão eletrónico por causa de uma dívida ao fisco que ultrapassa os 100 mil euros.
Intitulada “Vamos ajudar o Mileu”, a campanha de angariação de verbas está a ser dinamizada por Miguel Rodrigues, antigo dirigente do clube, depois de várias tentativas falhadas de venda do terreno pela Direção de Finanças da Guarda. Os pedidos de apoio têm sido feitos nomeadamente através da página do Facebook www.facebook.com/Vamos-Ajudar-o-Mileu-1500728580222561/?hc_location=ufi, onde se explica que «o objetivo ajudar o Mileu a reunir dinheiro para comprar o seu campo num leilão das Finanças». A O INTERIOR, o promotor da iniciativa refere que «ainda não foi angariado dinheiro, mas várias pessoas têm aderido e perguntam-nos como podem ajudar». Miguel Rodrigues diz também que «ainda não se sabe ao certo» o montante necessário para comprar o campo situado no parque industrial, uma vez que a venda vai ser feita através de um leilão eletrónico a agendar.
«A solução mais adequada seria a compra pelo município da Guarda. Com apenas 100 mil euros, o Mileu poderia saldar a sua dívida e haveria mais um campo de jogos disponível para a população da cidade», sugere o adepto e histórico dirigente da coletividade do bairro da Póvoa do Mileu. Para Miguel Rodrigues, «comparado com o que se vai gastar em festas neste mês de dezembro, este seria um investimento muito mais útil para o bem-estar da população da Guarda». Em agosto passado, o leilão promovido pelas Finanças ficou deserto. Conforme noticiou O INTERIOR (ver edição de 20 de agosto), o terreno com 13.300 metros quadrados foi à praça com o preço base de 274.570 euros. O clube da Póvoa do Mileu foi executado pelo fisco há mais de 15 anos, quando a equipa principal disputou o Nacional da IIIª Divisão e nunca declarou os ordenados dos jogadores. «Continuámos a fazer o que fazíamos no Distrital. Foi ingenuidade nossa», admitiu na altura Armindo Maia, atual presidente do Mileu, que milita no escalão secundário distrital da Guarda, e que também era dirigente nesse tempo.
As Finanças deram pelo “esquecimento” e estimaram em cerca de 30 mil euros o valor em dívida para regularizar a situação fiscal da coletividade. Mas o clube não pagou grande parte desse valor por falta de recursos nos anos seguintes, tendo sido retidas as verbas que a autarquia foi pagando até ao dia em que a Câmara também deixou de transferir qualquer verba. Desde então a verba reclamada pelo fisco não para de aumentar, pois o clube já assumiu não ter possibilidades para pagar a dívida. Fundado em 1983, com a designação de Grupo Desportivo do Mileu, o clube guardense tem desde o início como principal atividade a promoção e prática do futebol. Foi campeão distrital da IIª Divisão da Associação de Futebol da Guarda na época de 1987/1988 e campeão distrital da Iª Divisão nas temporadas de 1998/1999 e 2000/2001. Estes títulos valeram-lhe a subida ao então Nacional da IIIª Divisão, tendo sido despromovido em ambas as ocasiões. A coletividade viveu uma fase conturbada desportiva e financeiramente nos anos seguintes, tendo vagueado nos distritais até ser novamente campeão da IIª Divisão em 2010/2011.
Luis Martins
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