O primeiro candidato oficial à presidência da Federação do PS da Guarda, cujas eleições estão previstas para Novembro, desvalorizou o caso das inscrições suspeitas de novos militantes em várias concelhias. José Albano Marques classificou o sucedido de «situação desagradável», mas considerou que o processo eleitoral «não se deixará ferir por estas habilidades». De quem, não disse, garantindo apenas não se sentir afectado pelas suspeitas levantadas.
O actual presidente da concelhia de Celorico da Beira, onde terão sido inscritos cerca de 200 novos militantes nas últimas semanas, não queria falar do assunto na apresentação da sua candidatura, feita na última segunda-feira. Contudo, acabou por classificá-lo de «degradante e irracional», responsabilizando, «com a devida certeza, alguém que estará fora de si e totalmente desesperado». O candidato sublinhou que só teve conhecimento do caso pela comunicação social e que estas práticas «nunca foram, nem serão», protagonizadas por si: «Terão sempre toda a minha indiferença, repúdio e equidistância. Em política, repudio totalmente os ataques pessoais, principalmente aqueles protagonizados por alguém sem rosto, em que os assuntos em causa são adulterados e falseados propositadamente com o objectivo claro de denegrir a imagem de camaradas», sentenciou.
Polémica à parte, José Albano Marques, de 35 anos, garantiu que, com ele, o PS vai ser «um partido de vitórias» no distrito. E a fórmula para ganhar parece simples: «Ao longo dos últimos anos a Federação da Guarda tem sido mal liderada», sintetizou, afirmando ser necessária uma «direcção política diferente» e novos protagonistas. É que dos actuais dirigentes só referiu a sua «total incapacidade de organização», ou «o comodismo, demagogia, inércia e indiferença». Na sua opinião, a Federação tornou-se «num modelo fechado sobre si, distante da participação directa, com pouca capacidade dos seus protagonistas em intervir no espaço político distrital e nacional, afastada no dia-a-dia dos problemas existentes». Um diagnóstico em que se revêem os seus apoiantes, «uma maioria que não é apenas de revolta, mas sim para construir um projecto novo para o distrito da Guarda».
Por isso, assume como missão organizar o partido e aproximar os dirigentes distritais dos militantes de base, através de informação política actualizada e idas regulares às concelhias. Mas o candidato também entende que a Federação deve exigir «mais peso político» nos órgãos nacionais, prometendo ganhar eleições em 2009. De resto, José Albano Marques finalizou, dizendo que Álvaro Amaro «não mete medo a ninguém», considerando que o líder da distrital do PSD está a utilizar o seu partido «apenas e só, como uma pista para protagonizar estratégia pessoal». Quanto a apoios, alguns deram nas vistas na conferência de imprensa de segunda-feira. Foi o caso de Santinho Pacheco, João Amaro, Abílio Curto, António Carlos Santos, André Figueiredo e José Luís Cabral, enquanto José Martins Igreja não pôde estar presente devido a afazeres profissionais. Mas muitos outros haverá a trabalhar na sombra para uma vaga de fundo que pode varrer do poder os actuais “barões” socialistas do distrito.
À espera do secretário-geral
Depois de Celorico e da Guarda, os novos militantes estão a inscrever-se nas concelhias da Mêda, Gouveia e Trancoso. A situação é de tal ordem que Fernando Cabral, presidente da Federação, já comunicou o caso ao secretário-geral do PS, sobretudo depois de se saber que algumas dezenas foram inscritos como pertencentes à Associação de Dadores de Sangue da Guarda e ao PS de Celorico da Beira.
Luis Martins