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Jornalismo e política em discussão

Debate promovido pelo “Jornal do Centro” mostrou diferenças entre jornalistas e políticos

Discutir a comunicação regional no contexto da globalização e a relação entre a imprensa e o poder político foram os temas que o “Jornal do Centro” escolheu para promover uma jornada de debate, a propósito do aniversário daquele semanário, em Viseu, no passado sábado. O auditório Mirita Casimiro serviu de palco para a reflexão sobre a realidade em que se move o jornalismo.

O adjunto do secretário de Estado da Presidência, que tutela a comunicação social, João Paulo Faustino, apresentou toda uma panóplia de dados sobre como está a imprensa regional. Faustino alertou para a necessidade de «investir em marketing» e lamentou que a maioria dos jornais regionais continue a «depender do porte pago, em vez de apostar nas bancas». O representante do Governo anunciou que «vai haver majorações para os jornais do interior» e que a criação de emprego na imprensa regional «vai crescer com os apoios que vão ser lançados». Já Luís Baptista-Martins, director de “O Interior”, mostrou menos optimismo, referindo que «num país com taxas de ileteracia tão elevadas e onde mais de dez por cento dos portugueses são analfabetos é difícil chegar a mais leitores». Ainda assim o director de “O Interior” acredita que a aposta no grafismo e no marketing poderão contribuir para «criar novos públicos», nomeadamente entre os mais jovens. Para Orlando Raimundo, jornalista do “Expresso” e formador do Cenjor, entre nós, «a ignorância continua a ser um denominador comum à maioria das pessoas». «Este é um dos principais problemas dos jornais», afirmou. Para Raimundo, a imprensa regional deve apostar no jornalismo cívico, potencializando a relação com as comunidades.

Alfredo Maia, presidente do Sindicato de Jornalistas, defendeu «benefícios fiscais para as empresas que apostem na formação» como forma de melhorar a qualidade dos conteúdos.

Sobre o tema “quem serve quem?” Henrique Monteiro, subdirector do “Expresso”, falou da relação entre imprensa e políticos, considerando que o problema é «quem se serve de quem?». Monteiro disse que «uma licenciatura não habilita ninguém para ser jornalista». Na opinião do autor das “Cartas ao Comendador”, o jornalista «cresce com a tarimba e o jornalismo não se aprende nas universidades». «Há muitos jornalistas, entre os melhores, que nunca entraram numa faculdade» acrescentou. Já o deputado do PSD, Gonçalo Capitão, falou sobre a «falta de juízo critico» da maioria dos jornalistas. Anacoreta Correia, deputado do PP, dissertou, por sua vez, sobre o facto da «comunicação social ter perdido o mérito do critério» criticando a forma como se faz jornalismo. Rubens de Carvalho, jornalista e dirigente comunista, considerou que «nenhum jornalista é independente da política, até pela natureza destas duas realidades».

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