A Câmara Municipal de Seia, através do Arquivo Municipal, promove pelo sétimo ano consecutivo as Jornadas Históricas. O tema deste ano é subordinado à “Loucura” e está a ser debatido por um conjunto invejável de oradores no grande auditório da Casa Municipal da Cultura. A iniciativa termina amanhã.
Durante três dias, a Loucura está a ser debatida por vários conferencistas «que não são especializados nesta área», explica Filomena Carvalho, directora do Arquivo Municipal e responsável pela organização do evento. «Mas têm em comum o gosto pela temática», garante. Foi neste sentido que a responsável convidou estudantes, historiadores, professores, ou médicos, dos quais se destacam Carlos Saraiva, António Pires Preto, Jaime Milheiro, Fernando Catroga, Rui Pita, Maria João Antunes, Manuel Lousã Henriques, José Manuel Tedim, entre outros. «Assim, não há abordagens iguais», promete. Sendo a “loucura” considerada uma realidade desconhecida por muitos, «esta é uma oportunidade para saber e conhecer mais», sublinha a directora do Arquivo Municipal, para quem o facto deste tema não ser usual é «um motivo para ser falado para que as pessoas deixem de ter receio de uma realidade», refere Filomena Carvalho. À semelhança de edições anteriores, as Jornadas Históricas são realizadas em vários sentidos de modo a corresponder às expectativas do público. Mas o objectivo da conhecida iniciativa passa pelo debate e exposição de temas que, «por vezes, não estão acessíveis», frisa a responsável.
Recordando as temáticas debatidas noutras edições, como a “Morte e a Festa”, a “Mulher”, “Vida e obra do republicano Afonso Costa” ou o “Tempo de Álvaro Cunhal”, a responsável diz ter «casa cheia» e por isso prevê cerca de 200 participantes. Ontem, após a sessão de abertura, foram apresentados vários temas, nomeadamente, “O Primeiro Psiquiatra Português”, a “História da Psiquiatria em Portugal”, “Os Loucos são os outros”, “A loucura na prostituição” ou “Loucura na Literatura Portuguesa e Moderna”. Hoje é possível assistir à conferência sobre a “Inimputabilidade em virtude da alienação mental”, por Maria João Antunes (Universidade de Coimbra). Também será apresentada uma prelecção sobre “Loucos, pródigos, falidos e viúvas gastadeiras. A dimensão política da loucura no I liberalismo”, por António Hespanha (Universidade Nova de Lisboa). No final da manhã, Ana Leonor Pereira (Universidade de Coimbra) falará sobre “As fronteiras do delírio na história, segundo Júlio de Matos”. Depois do almoço, Rui Pita (Universidade de Coimbra) aborda “A gestão farmacológica da loucura na primeira metade de século XX” e o especialista Manuel Lousã Henriques apresenta “António Maria de Sena … e outros”. Amanhã, o último dia das jornadas, vão ser analisadas “A fase negra de Goya”, por José Manuel Tedim (Universidade Portucalense) e a “Inquisição (processos e bruxarias)”, por José Pedro Paiva (Universidade de Coimbra).