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Jerónimo de Sousa chamou «arrogante» a Alegre

Candidato apoiado pelo PCP almoçou com cerca de 200 apoiantes na Guarda

Chegou de forma discreta e antes da hora prevista, sem bandeirinhas ou autocolantes, Jerónimo de Sousa almoçou com cerca de 200 apoiantes no Monteneve, em pleno centro histórico da Guarda. Durante o encontro, o candidato apoiado pelo PCP chamou «arrogante» a Manuel Alegre quando este considerou que as assinaturas de formalização da sua candidatura é que eram uma expressão de cidadania.

Jerónimo de Sousa acusou o poeta e deputado socialista de «falta de humildade democrática», acrescentando que as suas assinaturas «também são actos de liberdade e de cidadania, por isso ele não tem razão para considerar que as suas são melhores». Recordando ter sido o primeiro a apresentar-se na corrida a Belém e o primeiro a formalizar a candidatura com 14.300 assinaturas. O candidato reafirmou que está decidido a «ir até ao fim e o mais longe possível, assim o povo queira». Na sua intervenção não esqueceu o Governo socialista e criticou a «política de direita» que, na sua opinião, tem vindo a ser seguida em Portugal nos últimos 29 anos. «Soares responsabiliza o Governo anterior, Cavaco responsabiliza Soares, Alegre responsabiliza Cavaco, Barroso responsabiliza Guterres, Sócrates responsabiliza Durão Barroso. Tudo para que a culpa morra solteira», sustentou. Por isso, considera que o país precisa de uma «ruptura democrática e de Esquerda», uma vez que «o povo deseja, em pensamento, que isso aconteça», tendo em conta o resultado das legislativas. Mas passados oito meses de maioria absoluta socialista, «infelizmente, o que se verifica é que esse capital de esperança foi desperdiçado e assistimos à mesma política de continuidade», lamentou.

E as críticas continuaram depois da sobremesa. «Qual é a razão que leva à existência em Portugal de dois milhões de pobres, cerca de meio milhão de desempregados e mais de um milhão de trabalhadores precários», interrogou-se, juntando-lhes as assimetrias regionais, a desertificação e a desindustrialização do interior. «Será porque temos azar ou somos menos capazes que outros povos», respondeu ironicamente Jerónimo de Sousa. Contudo, foi Cavaco o visado: «Como podemos ver este candidato de Direita dizer que é muito competente. Este país está cheio de pessoas tão competentes que deixaram o país chegar ao estado a que chegou», acusou. O líder comunista levantou ainda a bandeira da Constituição para sublinhar que a lei fundamental não é neutra, embora lamente que a democracia económica e social «não está a ser cumprida». Tudo porque o poder político está «submisso» ao económico, que «decide e diz como se há-de governar, privatizar e executar a política económica», denuncia. O exemplo está no novo Código do Trabalho, que a Direita aprovou e que o actual Governo procura «ratificar no essencial» contrariando a Constituição. No final, com as vozes bem afinadas, todos cantaram o hino de Portugal.

Patrícia Correia

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