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Louçã diz que Cavaco é «um candidato “devagarinho”»

O candidato do Bloco de Esquerda visitou, na Covilhã, a última fábrica de tinturaria e ultimação de têxteis do distrito de Castelo Branco

De passagem pela Covilhã, Francisco Louçã aproveitou para visitar a Alçada e Pereira, a última fábrica têxtil de tinturia e ultimação do distrito de Castelo Branco, que emprega actualmente 83 trabalhadores. Uma escolha justificada pelo desejo de «conhecer uma empresa resistente e que tem mantido um trabalho efectivo e esforçado no mercado da exportação», sustentou o candidato presidencial do Bloco de Esquerda (BE), já que as principais portas de escoamento da produção têm sido seis clientes espanhóis.

Defensor da ideia de que a liberalização dos mercados internacionais tem «destruído uma grande parte da capacidade produtiva dos países europeus», Louçã defendeu que o papel do Chefe de Estado deve passar pelo estímulo «à inovação». A aposta no design, na qualidade e a garantia de «um trabalho com qualidade e direitos» são outras sugestões do candidato para o escoamento da produção nacional. A crise dos têxteis marcou, assim, a agenda de Francisco Louçã durante a visita da última segunda-feira, deixando claro que é urgente a «defesa de critérios que evitem o desemprego criado na Europa pelos salários baixos na China». Por outro lado, não esqueceu a situação dos tecidos portugueses que são exportados para Itália, «onde são feitas peças de roupa que depois são importadas por Portugal a preços muito mais elevados», frisou. Embora admita que não encontrou na Alçada e Pereira trabalhadores em condições precárias, Francisco Louçã sempre foi dizendo que ali pôde contactar com pessoas «muito sacrificadas», que ali trabalham «desde muito novos e têm que continuar durante mais de 50 anos para conseguir uma reforma».

No caso da Covilhã, o candidato do BE defendeu, em declarações aos jornalistas, uma «maior articulação» entre a universidade e toda a formação tecnológica e a indústria, aproximação considerada essencial para «que não morra aquilo que existe» na região. Por outro lado, criticou a eventual introdução de portagens na A23: «É uma mesquinhez muito grande pensar resolver os problemas do Orçamento actuando sobre o atraso e as dificuldades da interioridade», sustentou. Mais tarde, num jantar com apoiantes, o discurso do candidato presidencial esteve centrado quase exclusivamente em Cavaco Silva, a quem apelidou de «candidato “devagarinho”, que pensa que, perante os problemas, não há que discutir, mas sim continuar devagarinho». Isto, a propósito da posição assumida pelo adversário no debate televisivo frente a Jerónimo de Sousa, onde Cavaco referiu que «é preciso ir devagarinho» em matéria de privatizações. Contudo, Francisco Louçã lembrou que o candidato da Direita, «enquanto foi primeiro-ministro, privatizou um conjunto importante de empresas e do sistema bancário português». Mas críticas a Cavaco Silva não se ficaram por aqui, pois o antigo líder do PSD ainda foi acusado de não ter apresentado nenhuma solução para resolver os problemas do país. «Já lhe ouvimos muitas palavras, mas nenhuma ideia concreta», disse o candidato do Bloco.

Rosa Ramos

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