Muito por culpa de um guarda-redes, que, apesar de suturado num olho, foi um autêntico guerreiro, os iranianos do Shensa Saveh FC venceram a primeira edição da Golden Cup – Torneio Internacional de Futsal, que terminou no último domingo, na Guarda. Perante o muito público que encheu praticamente o Pavilhão de S. Miguel, os actuais campeões asiáticos bateram o Sporting Clube de Portugal, actuais vice-campeões nacionais, que se apresentou bastante desfalcado, por 10-7. A assistência esteve bastante dividida no apoio às equipas e, em certos momentos, até parecia que a equipa do Irão estava a jogar no seu país.
Treinado pelo brasileiro Sávio Sousa, que chegou a jogar em Portugal, o Shensa entrou forte e rapidamente marcou dois golos por Davood, que beijou o chão em ambas as vezes. “Atordoado” com esta entrada, o Sporting reagiu e chegou à igualdade ao minuto 8, por Jorge Fernandes e Diogo Santos. Entretanto, começaram a dar nas vistas dois atletas iranianos: o guarda-redes Javad Kollaei e Mohsen Zarei, que jogou os 40 minutos quase todos e sempre em alto nível. De registar que o Sporting, que se apresentou com um guarda-redes júnior e outro juvenil, nunca conseguiu estar na frente do marcador, tendo sofrido o terceiro golo aos 8’, por Ebrahim, que aproveitou a ingenuidade de Sandro para marcar de cabeça à boca da baliza. Aos 10’, Davi devolveu a esperança aos “leões” ao fazer o 3-3. No entanto, beneficiando de falhas de marcação, Ebrahim marcou mais dois em menos de um minuto. Ainda antes do intervalo, o Sporting conseguiu reduzir pelo jovem Diogo Santos, de livre de 10 metros, numa altura em que o presidente do clube iraniano foi expulso do banco por ter exagerado nos protestos à dupla de arbitragem.
Após o reatamento, ainda se pensou que o Sporting poderia dar a volta ao marcador, mas foi puro engano. O 6-4 chegou aos 23 , por Vahid, e, sempre incansáveis, os iranianos voltaram a marcar aos 25 por Esmaeil. O Sporting reagiu e marcou dois golos no espaço de dois minutos, por Jorge Fernandes e Davi. Contudo, balanceados para o ataque, os lisboetas concederam espaços aos adversários, que aproveitaram muito bem o contra-ataque para ampliar a vantagem. Foi o que aconteceu aos 35 , através de Mohsen Zarei. Com cinco minutos para jogar e a perder por dois golos, Paulo Fernandes arriscou e passou a jogar com Davi como guarda-redes avançado. A pressão deu resultados a três minutos do final, com Nenê a concluir cheio de raiva. Mas, em mais um rápido contra-ataque, Mostafa fez o 9-7 e voltou a marcar a poucos segundos do apito final. Depois foi o delírio nas hostes iranianas, que festejaram a vitória – na sua primeira visita à Europa – «como se tivessem ganho o campeonato do mundo», comentava-se nas bancadas. A dupla de arbitragem, constituída pelo guardense Vítor Rodrigues e José Marques, cometeu alguns erros como o facto de não terem expulso Nenê no momento em que viu o segundo cartão amarelo.
Ricardo Cordeiro
