Os “Guliver” convenceram em Gouveia. A tal ponto que o município classifica a experiência realizada em Agosto com dois mini-autocarros eléctricos de «grande sucesso» e pondera mesmo adquirir «um ou dois» veículos similares de transporte colectivo com vista à implementação futura de uma carreira urbana na “cidade-jardim”. O anúncio foi feito segunda-feira por Álvaro Amaro, edil local, à luz dos resultados do inquérito promovido junto dos utilizadores. A autarquia já solicitou um estudo mais aprofundado à Associação Portuguesa do Veículo Eléctrico (APVE), parceira nesta iniciativa, para saber quais as viaturas que podem «satisfazer as necessidades» de Gouveia.
Estes mini-autocarros circularam de 28 de Julho a 27 de Agosto num trajecto com cerca de cinco quilómetros, tendo transportado, de forma gratuita, 8.500 pessoas. Segundo o balanço apresentado durante um seminário dedicado às “Energias Alternativas e Mobilidade Urbana”, 30 por cento dos utilizadores têm menos de 35 anos de idade, enquanto a população mais idosa manifestou «total apoio» à criação de uma carreira urbana dado que o ganho de mobilidade foi «evidente». Os inquéritos revelaram ainda que a grande maioria das viagens serviu para deslocações a serviços, idas ao mercado e outras situações ocasionais, facilitando a mobilidade dos utentes no espaço urbano, o que originou «diversos pedidos» para que o serviço de mini-autocarros continue, revela a autarquia. Contudo, Álvaro Amaro adianta que «a criação da carreira urbana definitiva não será para já, face às formalidades necessárias ao processo», embora garanta que a Câmara irá «empenhar-se para que uma solução seja encontrada com a maior celeridade». De resto, o investimento nos “Guliver” está ainda dependente de uma candidatura à Direcção-Geral dos Transportes Terrestres (DGTT), cujo responsável, Jorge Jacob, também presente no seminário de segunda-feira, salientou que o «apoio financeiro será prestado mediante a disponibilidade orçamental» daquele organismo.
Gouveia foi a primeira cidade do distrito da Guarda a testar este tipo de transporte colectivo não poluente. Um dos objectivos do projecto é demonstrar a importância das soluções tecnológicas alternativas para a preservação do ambiente. Outro era apoiar a introdução destas viaturas nos transportes públicos para contribuir para a redução das emissões de gases nocivos nas zonas urbanas onde o tráfego rodoviário é mais intenso. Os veículos movidos a electricidade são silenciosos e caracterizam-se pela ausência de emissões poluentes. Neste caso, o “Guliver”, de fabrico italiano, foi escolhido por ser adequado aos centros urbanos e pela fiabilidade e baixo custo de exploração. O motor eléctrico é alimentado unicamente por baterias e tem uma autonomia de quatro a cinco horas, dependendo da velocidade e do traçado. Transporta 22 passageiros, oito dos quais sentados, e atinge a velocidade máxima de 33km/hora. Tem 5,30 metros de comprimento e 2,07 de largura, dispondo ainda de instalação para segurar uma cadeira de rodas, embora não possua uma rampa de acesso. Para além da autarquia, esta iniciativa envolveu a DGTT, entidade promotora e financiadora, e a APVE, enquanto executora do programa de “Mini-Autocarros Eléctricos em frotas de Transporte Público Urbano”.