Arquivo

Guarda recorda Frei Pedro

Frade franciscano morreu com fama de santidade, mas beatificação ainda não aconteceu

A Guarda assinala, a 14 de Dezembro, os 500 anos da morte de Frei Pedro da Guarda. O frade franciscano nasceu na Guarda, mas residiu desde 1485 no Convento de São Bernardino, em Câmara de Lobos, na ilha da Madeira, onde faleceu a 27 de Julho de 1505, com fama de santidade. Trata-se de uma merecida homenagem organizada pela Diocese e pela Fundação homónima. Na Madeira é um ídolo, mas na Guarda poucos o conhecem.

Na cidade que o viu nascer, o nome deste franciscano foi atribuído a um largo e uma fundação, para além de estar representado num painel de azulejos, em frente ao Governo Civil. Numa altura em que passam 500 anos sobre a sua morte, a homenagem a Frei Pedro surge depois da paróquia de Santa Cecília, em Câmara de Lobos, da Província Portuguesa da Ordem franciscana e da Ordem Franciscana Secular, terem evocado a data, a 27 de Julho deste ano. Para o presidente do Conselho de Administração da Fundação Frei Pedro, Virgílio Ardérius, «é sempre tempo para recordar», admitindo que o acontecimento passou ao lado da cidade mas «não foi esquecido». Recorde-se que este frade leigo franciscano nasceu na Guarda, tendo sido baptizado em 1435 na Igreja de São Vicente. Desde 1485 residiu no Convento de São Bernardino, em Câmara de Lobos, onde faleceu a 27 de Julho de 1505. «Sou culpado pela escolha do patrono da fundação, é que na hora de escolher uma figura ilustre da cidade só o Frei Pedro estava disponível», justifica Virgílio Ardérius. Por isso, «não podíamos ficar indiferentes a esta homenagem», acrescenta, dizendo acreditar na beatificação do frade guardense a médio prazo.

«Ao longo do próximo ano tudo está em aberto. O processo de beatificação deverá ser relançado e mais tarde será feita a canonização deste ilustre egitaniense», acredita. Já em 1624, a Câmara da Guarda e a Diocese insistiram junto da Santa Sé para a beatificação de Frei Pedro, uma confirmação que poderá estar mais próxima, uma vez que o Cardeal Saraiva Martins, natural dos Gagos, é o Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos. «Será agora mais oportuno avançar, do que se avançou em cinco séculos», alega Virgílio Ardérius. Júlio Pinheiro, da comissão executiva das comemorações e responsável pela parte cultural da Diocese da Guarda, vai mais longe. O atraso nas celebrações foi «uma falha», admite o professor, lembrando que se, na Madeira, Frei Pedro é «um ídolo, aqui ninguém o conhece». Também ele acredita na sua beatificação, até porque «lhe foram atribuídos mais de 600 milagres», argumenta. O programa que vai assinalar o 5º Centenário da morte de Frei Pedro consiste numa conferência evocativa da vida e obra do frade, seguida de uma missa solene na Sé, tudo no dia 14 de Dezembro. A conferência vai ser proferida por D. António Montes Moreira, historiador franciscano e Bispo de Bragança-Miranda, na sala da Assembleia Municipal da Guarda, pelas 17 horas. A Comissão de Honra das comemorações é presidida pelo Bispo Coadjutor da Diocese, D. Manuel Felício.

Patrícia Correia

Sobre o autor

Leave a Reply