O Governo deve assumir «a responsabilidade» de recuperar a via férrea entre o Pocinho (Vila Nova de Foz Côa) e Barca d’Alva (Figueira de Castelo Rodrigo) para fins turísticos, defende o deputado Santinho Pacheco (PS).
O eleito pelo círculo da Guarda já solicitou ao Governo o início do processo de classificação da linha como bem de interesse cultural e a sua requalificação em missiva enviada ao ministro das Infraestruturas e Planeamento, Pedro Marques, e à secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho. No documento, o parlamentar recorda que este troço da linha do Douro, desativado e encerrado ao tráfego ferroviário há quase 30 anos, encontra-se hoje «num estado de absoluto abandono e destruição da via e estações do percurso, que a breve prazo será irreversível». Santinho Pacheco acrescenta também que é a única linha ferroviária do país que atravessa dois Patrimónios Mundiais da UNESCO: o Douro Vinhateiro e o Parque Arqueológico do Vale do Côa.
«É uma linha centenária perfeitamente integrada na paisagem dos socalcos durienses, entre amendoeiras e vinhedos, com um enorme potencial e uma mais-valia para reforçar o Vale do Douro enquanto destino turístico internacional», sublinha o deputado socialista, lembrando que o presidente da Diputación de Salamanca já anunciou que o troço de 17 quilómetros entre La Fregeneda (Espanha) e Barca d’Alva vai ser recuperado para fins turísticos. Santinho Pacheco espera que a Linha do Douro seja um «projeto âncora» do desenvolvimento do território e que ajude a viabilizar investimentos privados e públicos, como o Museu do Côa. Em dezembro vão assinalar-se os 129 anos da conclusão da construção da Linha do Douro com a abertura do troço entre La Fuente de San Esteban (Salamanca) e Barca d’Alva, que em tempos idos permitiu ligar o Porto a Salamanca.
A construção desta ferrovia, que segue pelas devesas do campo salmantino e entra em Portugal junto ao Douro, foi iniciada em 1883, inaugurada em 1887 e encerrada há cerca de 29 anos. Considerada «um exemplo de engenharia civil único», o Ministério da Cultura espanhol classificou-a como Bem de Interesse Cultural, com a categoria de monumento. Mas deste lado da fronteira a via está totalmente votada ao abandono, apesar de, em 2009, ter sido assinado um acordo para a reabilitação do troço entre o Pocinho e Barca d’Alva.