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Gouveia celebra centenário do nascimento de Vergílio Ferreira

João Soares, ministro da Cultura, participa amanhã em várias atividades programadas pelo município para evocar o autor de “Aparição”.

Começam hoje, em Gouveia, as comemorações do centenário do nascimento de Vergílio Ferreira, que se prolongam durante todo o ano com colóquios, exposições, teatro, visitas guiadas e reedições de obras do autor de “Aparição”.

O romancista natural de Melo, naquele concelho, nasceu faz hoje cem anos e a efeméride será evocada com a reedição das suas obras pela Quetzal, numa cerimónia agendada para a Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira (11 horas). À tarde (15 horas), Francisco José Viegas dinamizará uma sessão com alunos da Escola Secundária local. Amanhã, o ministro da Cultura estará na “cidade-jardim” e participará na cerimónia de reposição do busto do escritor na Praça de S. Pedro pelas 11 horas. Meia hora depois João Soares vai inaugurar a exposição “Vergílio Ferreira: Os Caminhos da Escrita ou O Fascínio da Arte”, que ficará patente no Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta até 26 de março. Organizada pela Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, em colaboração com a Biblioteca Nacional, esta mostra inspira-se no tempo circular de alguns dos mais relevantes romances do autor que recorda em seis núcleos «ou partes de um romance imaginário que se pretende dar a conhecer aos visitantes».

Para o meio-dia está prevista a sessão solene das comemorações, que decorre no salão nobre dos Paços do Concelho. No sábado realiza-se o colóquio “Vergílio Ferreira: Evocação, Evocações”, na biblioteca municipal (15 horas),durante o qual serão abordados aspetos menos conhecidos ou pouco abordados sobre «o intelectual, o amigo e o professor». Participam, entre outras personalidades, Fernanda Irene Fonseca, Francisco José Viegas, Liberto Cruz, Eduardo Pereira, José Gameiro e Alípio de Melo. À noite, o ator Pompeu José interpretará o monólogo “Em Memória ou a Vida Inteira dentro de Mim”, baseado no romance “Até ao Fim”. A peça estará em cena no Teatro Cine (21h30) e retrata a imagem da solidão de Cláudio, narrador-protagonista do romance de Vergílio Ferreira que, no presente e na noite da escrita, vela o corpo do filho morto, numa capela próximo do mar.

As comemorações do centenário do nascimento de Vergílio Ferreira (1916-1996) vão prosseguir ao longo de todo o ano e terminarão a 28 de janeiro de 2017. O autor foi um dos maiores romancistas portugueses do século XX. Literariamente começou por ser neorrealista (anos 40), com “Vagão Jota”, “Mudança”, entre outros. Mas, a partir da publicação de “Manhã Submersa” e, sobretudo, de “Aparição”, o escritor adere a preocupações de natureza metafísica e existencialista. A sua prosa, que entronca na tradição queirosiana, é uma das mais inovadoras dos ficcionistas do século passado.

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