Os municípios portugueses de Penamacor e Sabugal e as Mancomunidades (associações de freguesias) espanholas do Alto Águeda (Castilla y León) e da Serra de Gata (Extremadura) querem ser um destino turístico. Promotores e agentes económicos desta zona raiana estiveram reunidos no Sabugal, na passada quinta-feira, para aprofundar o projecto “Gata-Malcata – Terras do Lince” e apontar estratégias de promoção.
Trata-se de uma iniciativa de cooperação transfronteiriça que deu origem à marca homónima, sob a qual se pretende divulgar o património natural, paisagístico e arqueológico de uma área com pouco mais de 51 mil habitantes. A cordilheira Gata-Malcata é a principal característica que identifica a zona, mas há também os castelos, as tradições e os costumes ancestrais, como o ciclo de capeias – garraiadas com o forcão – que se realiza em Agosto em várias aldeias do concelho do Sabugal. «A ideia nasceu da constatação da fraca dimensão territorial de cada um dos concelhos e da mais-valia que poderia advir da criação de uma zona turística internacional», explica Manuel Rito, vice-presidente da Câmara do Sabugal, adiantando que o projecto “Gata-Malcata” já deu origem a um mapa desta micro-região e participou nas duas últimas edições da Intur – Feira de Turismo de Interior, em Valhadolid (Espanha). «Não pretendemos um turismo de massas, mas de qualidade e “relax”, com gente de cultura média superior e capacidade económica para usufruir da qualidade de vida que temos», sublinha.
Rosário Mateus, técnica de turismo da Mancomunidad do Alto Águeda, acrescenta que o projecto pode ser um dos pilares de desenvolvimento da zona: «Ficaríamos muito limitados se não nos tivéssemos unido. Juntos temos uma maior e mais diversificada oferta turística», diz. Há contudo alguns problemas a limar. Como a escassez de alojamento. Manuel Rito garante que ela é aparente, pois no conjunto dos quatro promotores oferecem-se alojamentos suficientes nas mais variadas modalidades, do campismo, aos hotéis e unidades de turismo rural. «A zona Gata-Malcata não terá essa carência», sustenta. Já a capacidade financeira das Mancomunidades espanholas parece ser mais preocupante. «Como são associações de freguesias suportadas economicamente pela quota de cada uma, é preciso saber se podem subvencionar a sua parte do investimento em projectos de alguma dimensão porque nós não vamos suportar custos inerentes às duas zonas», garante o vice-presidente do município do Sabugal. Mas Rosario Mateus tranquiliza os parceiros portugueses ao recordar que as Mancomunidades «sempre cumpriram os objectivos a que se propusemos no projecto Gata-Malcata». Por outro lado, entende esta iniciativa como uma forma de aceder a fundos comunitários a que não poderiam concorrer isoladamente.
Entretanto, os promotores estão a preparar uma candidatura ao INTERREG, que prevê a participação em várias feiras de turismo, e vão lançar diverso material promocional. Na calha está igualmente a criação de pacotes turísticos para propor a operadores portugueses e espanhóis.
Luis Martins