A Câmara do Fundão pretende criar um «arquivo etnomusical» para preservar as tradições do concelho, revelou o vereador com o pelouro da Cultura, Paulo Fernandes. O projecto está em fase de orçamentação e faz parte do programa “Tradições Digitais” da autarquia.
«Um museu etnomusical é uma estrutura rara e que, no limite, pode ser o embrião para um arquivo nacional», refere o vereador. Na prática, trata-se de um arquivo digital que regista as tradições e raízes históricas, através de músicas, cânticos, adágios e histórias seculares que ainda se ouvem pelas aldeias do concelho, sobretudo ligadas a manifestações religiosas. Para além do registo sonoro, o espaço deverá conter as transcrições e o enquadramento das diferentes tradições, «desdobrando-se em diversas funções». «O arquivo pode servir de base para diferentes produções e alimentar os espaços culturais do município», acrescenta Paulo Fernandes. Para além do trabalho arquivístico, o organismo deverá ser também «um centro de competências para produção de CD’s e DVD’s, graças a parcerias com técnicos e universidades». O programa “Tradições Digitais” foi candidatado pela Câmara do Fundão a apoios do programa Beira Baixa Digital e também, na vertente formativa, ao Programa Operacional da Região Centro. No âmbito da iniciativa “Quadragésima”, uma mostra anual das tradições religiosas da Quaresma, organizada pela Câmara, a autarquia já tem 50 horas de gravação áudio recolhidas pelas aldeias. O material inclui cânticos e adágios utilizados para reconstituir antigas cerimónias religiosas, que voltam a ser apresentadas ao público durante a “Quadragésima”.
