Arquivo

Festival “Ó Forcão Rapazes” amanhã em Aldeia da Ponte

Quase 27 anos depois da primeira edição, sob a a forma de concurso, a praça continua cheia e a tradição está cada vez mais viva e intensa, o que contraria as «más-línguas» dos primeiros tempos

As aldeias mais emblemáticas da capeia “arraiana” têm encontro marcado na sexta-feira em Aldeia da Ponte para o tradicional festival “Ó Forcão Rapazes”. O evento, que se realiza na praça de touros local, é considerado o “campeonato do mundo” da lide com forcão onde as equipas vão enfrentar touros da ganadaria de Zé Noi. O evento tem início previsto para as 15h30.

Este ano, participam representantes de Alfaiates, Aldeia do Bispo, Aldeia da Ponte, Aldeia Velha, Fóios, Forcalhos, Lageosa da Raia, Ozendo e Soito. Em 1986, este acontecimento surgiu sob a forma de um concurso, mas foi transformado em festival para evitar desaguisados entre os participantes e controvérsia. «O concurso foi criado a 13 de Janeiro no escritório de uma seguradora no Marquês de Pombal, em Lisboa, onde trabalhava, por mim e mais dois amigos dos Forcalhos, José Oliveira Manso e José Manuel Gusmão, de onde também saíram os estatutos da iniciativa. O objetivo era fomentar o associativismo e preservar o forcão», recordava em agosto de 2002 António Chorão, natural de Aldeia da Ponte, a O INTERIOR.

Quase 27 anos depois, a praça continua cheia e a tradição está cada vez mais viva e intensa, o que contraria as «más-línguas» dos primeiros tempos. «Diziam que isto só duraria um ano e hoje cá está mais forte que nunca», adiantou também, explicando que o concurso começou com sete aldeias. Em 1987, o evento passou a ser organizado por duas Juntas de Freguesias, que distribuem o lucro gerado pelas oito aldeias participantes. Este fundador do concurso sempre lamentou que se tenha eliminado o fator competitivo, outro dos objetivos iniciais da atividade, tendo responsabilizado por isso os respetivos júris: «Houve várias situações em que não foram criteriosos e as suas decisões deram origem a vários problemas», lembrou na altura, dizendo que a arte de pegar ao forcão, a lide do touro e a pega eram os critérios a ter em conta.

«Hoje só já resta este magnífico espetáculo de convívio e de amizade inter-aldeias, mas falta-lhe um bocadinho de sal», confessava. Opinião idêntica defendia na altura José Oliveira Manso, que também sentia a falta desse «aperitivo» final: «Foi uma ideia adulterada dos estatutos iniciais e um grande erro. Temos que aceitar que há uma grande dose de aleatoriedade e sempre um vencedor, que tem que ser respeitado desde que haja uma votação justa, mas em duas ou três edições houve manipulação da votação, o que levou ao abandono do concurso», sublinhou então. Na sua opinião, seria benéfico fomentar-se a competitividade entre as aldeias, «desde que as pessoas conseguissem evitar determinadas divisões e respeitar-se», para que a arte do forcão fosse melhorando cada vez mais. Mesmo assim, admitiu que a tradição se reforçou e até evoluiu com este concurso, porque «antigamente pegava-se só dos lados e agora também se pega ao meio, o que é menos arriscado, pois consegue-se aguentar qualquer problema que haja nas laterais».

Sobre o autor

Leave a Reply