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Final de um ciclo

Opinião

A Feira de S. Bartolomeu é o mais importante evento da região por estes dias. De feira medieval a feira de atividades económicas, moderna e dinâmica, foi uma aposta ganha por parte da associação empresarial (antes ACITAM e agora AENEBEIRA) e da Câmara Municipal de Trancoso. As duas instituições iniciaram há vinte anos a transformação da tradicional feira que durante uma semana ia acolhendo agricultores e vendedores da região para ali venderem os seus produtos. António Oliveira e Júlio Sarmento, lideres das duas instituições, foram o rosto da transformação da feira medieval naquele que hoje é o centro de comércio e atividades económicas mais importantes da região. Milhares de pessoas passam estes dias por Trancoso para vender ou comprar, por lazer e diversão.

E há também um presidente que parte. Um presidente que ao longo de duas décadas deixa uma marca indelével na cidade e concelho. Júlio Sarmento vai deixar a presidência da autarquia e, nesta edição, em entrevista, faz a sinopse do seu tempo. Um tempo em que Trancoso se modernizou, resistiu ao êxodo rural e à desertificação como poucos, onde a economia se renovou, sendo o concelho empresarialmente mais dinâmico do distrito e onde há menos desemprego, com investimentos diversos para equipar o concelho de infraestruturas várias e de diferentes sectores, e ainda conseguiu nos anos dourados do socratismo o beneplácito da autoestrada – desencravando Trancoso e Vila Franca das Naves. Mas foi também um concelho com investimentos públicos incompreensíveis, como duas piscinas municipais, em Trancoso e Vila Franca das Naves, ou uma aposta por projetos que na prática tardam em sair do papel, como o do Palácio Ducal.

Ainda assim, Sarmento tem razões para, ao olhar para trás, regozijar-se pelo trabalho feito, o saldo dos seus mandatos é positivo, em especial se olharmos para os concelhos vizinhos que há vinte anos tinham condições similares e, nalguns casos, estavam mesmo em melhor situação sócio-económica, mas que, entretanto, entre a desertificação e a incapacidade de promover o desenvolvimento estão hoje em estado letárgico. Trancoso resiste e tem futuro.

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