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Férias

Lembram-se das férias de antigamente? Quem podia ia à praia, geralmente para a Figueira ou para Mira e por longos períodos de tempo. O sol fazia bem e torrava-se o dia inteiro. Usavam-se bronzeadores em vez de protectores solares. O sol e o mar davam dinheiro a ganhar a muita gente. Por toda a costa as pessoas alugavam as casas a veraneantes e sujeitavam-se a viver como porcos durante toda a época balnear, acumuladas em garagens e arrumos. Ninguém ia ao estrangeiro, que era demasiado caro e praias já havia por cá em quantidade e qualidade.

Os tempos mudaram, e de que maneira. Pode ir-se à praia apenas antes das dez da manhã e depois das quatro da tarde, na melhor das hipóteses, que os ultravioletas, falha da camada de ozono, atingem na hora do calor níveis extremos. Significa isto que as antigas oito horas diárias de praia se reduziram a duas ou três e mesmo estas com muitas precauções. Começa aliás a desaconselhar-se a saída à rua entre as dez e as quatro sem protectores solares; vê-se já à venda nas lojas roupa que garante protecção UV e generalizou-se o uso de óculos de sol, mesmo a crianças de tenra idade. Em suma, o sol faz mal.

Entretanto, o estrangeiro deixou de ser mais caro do que Portugal e a internet revolucionou o planeamento das férias. É possível agora escolher entre milhares de hotéis e comparar preços e promoções de última hora. A concorrência faz baixar os preços e subir a qualidade, ao ponto de ficar mais barato ir hoje para um hotel de quatro estrelas do que há uns anos para casas de particulares. O GPS torna acessível qualquer sítio e os hotéis passaram a divulgar na internet as suas coordenadas. Outra mudança: com tanta auto-estrada, deixou de ser uma aventura partir para férias. O Algarve está a cerca de cinco horas da Guarda, Madrid a três, Córdova a seis.

A grande questão, agora, é o que fazer em férias, já que a praia é para esquecer, ou para utilizar com moderação. Cada vez mais gente opta por férias mais curtas, ou pelo chamado turismo cultural. As cidades históricas recuperam monumentos e cidadelas, editam monografias, melhoram museus, investem na internet. Os hotéis oferecem e promovem percursos, fazem reservas para visitas a monumentos. Generalizam-se os autocarros turísticos em sistema “hop-on, hop-off”, multiplicam-se as ofertas de gastronomia regional, de artesanato, de arte.

O problema em Portugal é que a nossa oferta de férias ainda assenta demasiado no mar e no sol – de onde fogem cada vez mais os turistas bem informados. Estes, preferem visitar Conímbriga ou a Biblioteca Joanina a torrar ao sol na Figueira.

Sugestões

Um site: http://www.booking.com (25000 hotéis, só na Europa)

Outro: http://www.viamichelin.com (cálculo de distâncias e custos, o melhor a seguir ao GPS)

Por: António Ferreira

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