A centenária Feira de São João regressou mais um ano à Guarda, mas desta vez para ser «um enorme sucesso», consideram os próprios feirantes e visitantes.
Desta vez, o certame deixou o vetusto local habitual, na zona do Zambito, e decorreu no largo do mercado municipal e ruas adjacentes, atraindo milhares de pessoas. Na passada quarta-feira, entre gritos de feirantes que tentavam vender os seus produtos e conversas de guardenses, e não só, todos concordavam que a mudança de localização do mercado tinha sido «uma ótima ideia». «Estarmos aqui é diferente, temos um chão limpinho e está nivelado», afirmou Carla Soares, que acompanha o marido que já vende na feira há cerca de 20 anos. Na zona do Zambito o piso é de terra e os feirantes queixam-se que há muito pó. Também Maria Esteves, que aproveitou para fazer umas compras, disse que junto ao mercado municipal «o espaço é mais agradável e apelativo» e, por isso, «é melhor para quem vende e para quem compra». A dimensão da área ocupada foi outro dos pontos comentados: «Aqui as pessoas podem circular mais à vontade», declarou Mário Serrano, feirante há vários anos, para quem «passar o mercado para esta zona é uma excelente ideia».
O comerciante elogiou também a organização como que tudo aconteceu, dizendo que «ninguém esta descontente ou chateado com o lugar atribuído para a banca, pois foi tudo muito bem organizado». A satisfação no final do dia de S. João era geral. Às 16 horas ainda se viam pessoas a calcorrearem as tendas, à procura de artigos e de preços em conta. «O negócio correu super bem», admitiu Maria João Fernandes, que já perdeu a conta aos anos de feirante. Também ela não tinha dúvidas que o mercado «precisa de estar no centro da cidade», pois «traz mais gente à Guarda». A proximidade com cafés e casa de banho foi mais um dos pontos a favor da nova localização e realçados por Ricardo Serrano, outro feirante, para quem «o presidente merece um beijo», sublinhou em tom de brincadeira numa banca rodeada de gente interessada em comparar os seus artigos.
Um mercado no centro da cidade «permite que venha mais gente, quem está em casa, quem está a trabalhar e aproveita a hora de almoço, e até quem está de passagem pela Guarda», acrescentou Carla Soares. Como seria de esperar, o novo local trouxe pessoas novas à feira de S. João. Cristina Correia foi uma delas, apesar de viver há vários anos na Guarda. «Não tenho dúvidas do sucesso da iniciativa por ter mudado de local», afirmou, tendo acrescentado que é «necessário manter esta feira, pois torna a cidade mais atraente». A vontade de que o mercado quinzenal passe para o centro da cidade, junto ao mercado municipal, também ficou explicita pelos entrevistados por O INTERIOR no passado dia 24. «Se for ao fim-de-semana ainda seria melhor, poderia vir mais gente», reagiu a guardense Hermínia Rebelo, uma opinião partilhada por Mário Serrano, sugerindo que se fosse ao domingo «não causaria tanto transtorno no funcionamento normal da cidade». Transtorno esse que foi sentido pelos guardenses, que viram algumas das ruas principais de circulação encerradas ao trânsito, mas que a sua maioria considerou que «valeu a pena».
Feira no centro da cidade foi «decisão acertada»
Alguns feirantes já se mostraram disponíveis para reunir assinaturas para fazer o pedido à Câmara da alteração do mercado quinzenal. Para Álvaro Amaro, esta é uma questão que ainda tem de ser analisada e ponderada com a associação de feirantes. Quanto à Feira de São João, o autarca não tem dúvidas que esta mudança foi uma «decisão acertada» e a preocupação será sempre «aproximar os que vendem e os que compram».
Esta edição funcionou como «um teste à organização e à segurança», pelo que o presidente do município garante que no próximo ano a feira vai repetir-se nestes moldes. «Mas temos ambições maiores», disse, sem adiantar mais pormenores. Álvaro Amaro garante que «nada vai ser decidido sem o diálogo com os feirantes» e sublinha que qualquer decisão será em prol da economia e dos feirantes.
Ana Eugénia Inácio 
