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Feira de S. João

A nossa cidade não vive com alegria as feiras anuais, como nos tempos passados, e é pena. Porque será?

Antigamente os feirantes vinham com alguns dias antes do grande dia e ainda ficavam mais algum tempo. À noite havia algo de poético e fantasmagórico nas sombras projectadas pela rudimentar iluminação de uma espécie de lamparina a “carboreto” e outra com petromax. Não vamos falar agora desses tempos, nem do que se transaccionava e os divertimentos que havia. Hoje, infelizmente, os feirantes chegam de manhã e vão-se embora pouco depois da hora do almoço. A prática ensina que para ver uma exposição a pé, o terreno tem que ser acessível, cómodo, nada de altos e e baixos, muito menos degraus ou socalcos. Senão passa a ser um sacrifício, principalmente para pessoa que já tenha compras feitas.

Todos nós sabemos que a Guarda tem espaços para “dar e vender”, basta só um pouco de boa vontade e bairrismo, só para fazer isto: “Puxar” a feira cá para o centro da cidade, desde o Largo da Misericórdia até ao chafariz de Santo André, estender por ali fora os feirantes. O trânsito que fosse dar uma curva (…). E assim teríamos por alguns dias uma sã concorrência com o comércio local. Os restaurantes que combinassem entre si uma competição de prato do dia. A autarquia que oferecesse o almoço aos feirantes no seu local de trabalho com uma belíssima sopa de grão e umas febras no pão. Já a EDP poderia disponibilizar um ponto de luz e nada de altifalantes berrantes, mas sim uma banda de música a percorrer este trajecto. Ou os bombos, que dão uma alegria extraordinária e até fazem descolar o colesterol das nossas veias.

(…) Isto não são as festas da cidade, nem feira de artesanato, mas sim a Feira de S. João, que é uma feira do povo e para o povo (…). A autarquia que “arregace” as mangas e comece a organizar este evento com tempo, calma e saber, mas rápido e que o S. João os ajude.

António do Nascimento, Guarda

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