A Televisão Digital Terrestre (TDT) instala-se já amanhã, em definitivo e por completo, no território português, mas há localidades na região que continuam a debater-se com a falta de cobertura. Uma delas é Famalicão, no concelho da Guarda, que vai agora interpor uma providência cautelar, juntamente com a localidade vizinha de Valhelhas, para «tentar impedir que o sinal analógico seja cortado» no retransmissor que se situa nesta última freguesia.
Quem o afirma é António Fontes, presidente da Junta, que se mostra «inconformado» com a situação. Em Famalicão, a “zona sombra” afeta «entre 80 a 85 por cento da população», afirma, acrescentando que «na restante povoação existe sinal mas é bastante fraco». O presidente diz ter feito «pressão», mas não obteve resposta das entidades competentes e que, por isso, «vamos avançar com a providência cautelar». Esta decisão, que, «em princípio, conta com o apoio do município da Guarda», foi tomada após uma reunião na Câmara, na passada sexta-feira, e que juntou responsáveis do município, da freguesia e também da Associação Portuguesa para a Defesa dos Consumidores (DECO). «Sinto que é a derradeira decisão que podemos tomar em defesa dos interesses da freguesia para evitar que os famalicenses fiquem sem acesso à televisão a partir de quinta-feira», conclui António Fontes.
Freguesias de Foz Côa queriam TDT mais cedo, mas a PT não deixou
No concelho de Vila Nova de Foz Côa há outras três freguesias que, até há bem pouco tempo, também se debatiam com dificuldades de cobertura da TDT. Mas, recentemente, aquele município instalou em Mós, Murça e Seixas aparelhos retransmissores que, ao que tudo indica, resolveram o problema. Para ter a certeza, o presidente da Junta de Seixas, Artur Ribeiro, revelou que havia a intenção de desligar o sinal analógico logo na segunda-feira. A justificação era «promover um período de experiências de dois dias, que serviria para ver se está tudo em condições», mas não convenceu a PT. «As entidades competentes disseram que o desligamento do sinal está programado, em todo o lado, para o dia 26 e que não permitem exceções», adiantou Artur Ribeiro. O presidente confessou-se «chateado» com esta recusa, que «não permite perceber, em tempo útil, se os aparelhos aqui postos pela Câmara estão ou não a funcionar corretamente».
Já o sinal da TDT que serve a freguesia de Cortes do Meio, na Covilhã, foi melhorado, depois de reuniões com as entidades responsáveis pela sua introdução. Segundo fonte daquela Junta, «foram efetuadas várias diligências e reuniões com o apoio do município da Covilhã, e que resultaram no melhoramento substancial do sinal TDT na maioria da área da freguesia».
A autarquia covilhanense aconselha ainda os habitantes da localidade a orientarem as antenas na direção do transmissor da Barroca ou Gardunha.
Televisão analógica despede-se definitivamente amanhã
Recorde-se que as transmissões televisivas em sinal analógico terminam amanhã, mais de 10 anos depois da primeira tentativa de introdução da tecnologia em Portugal ter falhado. Serão desligados os 15 emissores ainda ativos, e mais de uma centena de retransmissores.
O desligamento (‘switch-off’) começou há três meses, e tem vindo a ser feito de forma sucessiva. Isto apesar de todas as críticas sobre a forma de introdução da TDT, que se baseiam na falta de cobertura, no preço dos descodificadores e no facto de a plataforma digital só disponibilizar os quatro canais generalistas, ao contrário do que acontece noutros países europeus.
A ANACOM refere, a este respeito, que nas zonas onde não há cobertura TDT, as emissões são asseguradas através do sinal de satélite, com as famílias carenciadas a terem direito a uma subsidiação dos descodificadores. Além disso, é referido que ao longo do processo, o preço dos descodificadores baixou, rondando atualmente os 30 euros. Em relação ao número de canais, para já a plataforma irá incluir o canal parlamento.
Fábio Gomes