As nove casas de pedra de Gonçalveiros, no concelho da Guarda, que estavam num leilão da Internet ainda não foram vendidas, apesar do prazo já ter expirado. Segundo o proprietário, Amadeu Eiras, «ali houve algum cambalacho». No início havia muitos interessados, mas na hora de arrematar sobrou um único nome de utilizador (“username”) com dados falsos. Entretanto, o vendedor já pediu explicações ao site e voltou a colocar o conjunto edificado on-line até 4 de Agosto.
«Vendem-se nove casas de granito, aldeia calma com dois habitantes, a dez quilómetros da sede de distrito (Guarda)» é a referência que chama a atenção dos cibernautas e está colocada num leilão do site Clix, com uma licitação mínima de 120 mil euros. Ali podemos ainda encontrar alguns pormenores: necessitam de reparação e as casas não podem ser vendidas separadamente, pois o conjunto está vocacionado para a implementação de um aldeamento turístico. É uma aldeia perdida no mapa do concelho da Guarda que continua à espera de investidores. Durante o leilão «ainda apareceram alguns interessados», refere Amadeu Eiras, mas depois «desapareceram», estranha. Suspeita por isso da situação e acusa o Miau.pt de ter feito «algum cambalacho». A táctica adoptada foi simples: «Baniram potencias compradores e depois apareceu um único interessado que queria comprar as casas por uma bagatela», adianta o proprietário. «Suspeitei logo disso quando recebi o telefonema», recorda, tanto mais que do outro lado da linha alguém lhe disse que comprava todas as casas desde que fosse por um preço mais baixo. Como não estava interessado em baixar a licitação, o negócio não se concretizou. «Não houve nenhum cuidado em filtrar os compradores», lamenta. O melhor mesmo é vender «pessoalmente», através de contacto telefónico, considera agora Amadeu Eiras.
Contudo, no site a explicação é outra: «Lamentavelmente, este negócio já esteve a leilão e foi comprado por um membro, com o username de “menlouco”, o qual nunca deu resposta e cujos dados pessoais sempre foram falsos perante o Miau e a comunidade miau», pode ler-se desde o dia 20. Pelo que as casas vão novamente à praça, mas, como salvaguarda, apenas são aceites licitações de membros com «”feedback” igual ou superior a dois», refere o site. Recorde-se que mais de metade de Gonçalveiros – isto é, as poucas casas que continuam de pé – estão à venda. As que não se vendem estão abandonadas ou no centro de quezílias familiares por causa de heranças. Amadeu Eiras, do Azevo, tinha um sonho: comprar todas as casas abandonadas daquela aldeia para fazer um pequeno aldeamento de turismo rural. Mas «o investimento é muito avultado e não consigo suportá-lo», confidenciou Amadeu Eiras, com o coração despedaçado, pois «foi muito difícil juntar estas casas e agora tenho que me desfazer delas».