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Fábrica de aviões “ganha asas” na Covilhã

Carlos Pinto anuncia uma Central de Biomassa e a construção de duas novas barragens

A Câmara da Covilhã e a ALEIA – Indústria Aeronáutica Ligeira de Portugal assinaram, na segunda-feira, os protocolos para a instalação na cidade de uma fábrica de aviões.

Pouco passava das 10 da manhã quando aterrou no aeródromo o avião MSR-4S, fabricado pela Dyn’Aero, que será a primeira aeronave “made in Covilhã”. O ultra-ligeiro, que até agora era vendido peça a peça, é um avião de quatro lugares com motor a hélice de 100 cavalos e uma carga máxima de descolagem de 750 quilos. Cada modelo pode custar mais de 110 mil euros. Falta agora pedir a certificação da aeronave, segundo adiantou o presidente da ALEIA, Jean Quiquempoix, «e instalar uma linha de montagem na Covilhã, cuja produção deverá arrancar em Junho de 2009», acrescentou. A produção de aviões deve alcançar as 250 unidades de ultra-ligeiros dentro de 18 meses, na fase cruzeiro, altura em que o volume de negócios deverá rondar os 32 milhões de euros. Mais tarde prevê-se que a Covilhã venha a acolher a produção de aviões a jacto, «totalmente concebidos, montados e construídos na cidade», anunciou o empresário. A ALEIA irá funcionar num hangar industrial, junto ao aeródromo da Covilhã, em terrenos cedidos pela Câmara.

Inicialmente, terá dois mil metros quadrados, mas poderá chegar aos 10 mil nos primeiros cinco anos de laboração. Carlos Pinto, autarca da “cidade-neve”, adiantou que a construção do hangar poderá «arrancar dentro de três ou quatro meses». O edil sublinhou as principais vantagens que este investimento trará à região. Desde logo, a possibilidade de dar emprego aos jovens licenciados da UBI na área da aeronáutica. «Sempre lamentámos que esses técnicos não pudessem ficar na região», recordou. E depois de um passado «feito de centenas de covilhanenses a franquear os portões das fábricas» – uma imagem «que já lá vai», garante – surge agora a oportunidade «de apostar num modelo que permite a criação de empresas que garantem solidez, presença no mercado e constituem um acrescento à riqueza produzida, remunerando melhor», afirmou. Além disso, o autarca referiu a necessidade da criação de “clusters”, «sectores novos e diferenciados em cada região do país».

Um dos objectivos da ALEIA será trabalhar em colaboração com a UBI para trabalhos de engenharia e captação de finalistas da licenciatura em Engenharia Aeronáutica. «Perto de 90 por cento da investigação e desenvolvimento em Portugal passa pelas universidades e, além do mais, há muito que apostávamos nesta área, por isso, esta ligação é natural», constatou o reitor Santos Silva. Durante a tarde, o aeródromo da Covilhã recebeu a visita de Castro Guerra, secretário de Estado Adjunto da Indústria e Inovação, que considerou a produção de aviões a jacto na cidade um projecto de Potencial Interesse Nacional (PIN). «Temos de apreciar em concreto, mas do ponto de vista da dimensão qualitativa, deve sê-lo», sentenciou o governante. Entretanto, a autarquia abriu concurso para o projecto do novo aeroporto, que deverá estar concluído até Setembro deste ano e prevê a construção de uma pista de 2,2 quilómetros.

Carlos Pinto anuncia dois novos projectos

A Covilhã vai ter uma Central de Biomassa, a funcionar «dentro de ano e meio a dois anos». Trata-se de um investimento da ordem dos 50 milhões de euros para a produção de 10 megawats de energia, «num terreno de quatro hectares e que dará emprego a mais de 80 pessoas». O anúncio foi feito por Carlos Pinto, durante a cerimónia. O contrato, garantiu, será assinado «já em Maio entre o Governo e um grupo liderado pela Somague». Para já, ainda está em discussão o local onde se instalará a estrutura, mas a Câmara pretende que seja no parque industrial do Tortosendo. Quanto à fábrica de painéis solares, anunciada na semana passada, Carlos Pinto garante não saber de nada. «Até agora não há nada formalizado, ainda estamos no domínio longínquo das intenções», esclareceu. Entretanto, no primeiro semestre de 2009, será lançado o concurso para um investimento de 45 milhões de euros na construção de duas novas barragens, nas Penhas da Saúde e na Atalaia. «Estarão prontas dentro de quatro anos, assegurando a energia eléctrica e garantindo o horizonte do abastecimento de água para os próximos 30 anos», sublinhou o autarca.

Rosa Ramos

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