Foi o primeiro grande despedimento colectivo do sector têxtil na região, em 2002. Ainda assim, quase seis anos depois do encerramento da fábrica de confecções ERES, no Fundão, cerca de 200 trabalhadoras continuam à espera das respectivas indemnizações.
Na última sexta-feira, mais de duas centenas reuniram com o Sindicato dos Têxteis da Beira Baixa (STBB) na Escola Secundária do Fundão para definir estratégias face ao recurso interposto recentemente pelo Fundo de Garantia Salarial (FGS), após o Tribunal da Relação de Coimbra ter privilegiado as trabalhadoras no acesso aos créditos em dívida. No centro da discórdia está o destino a dar ao dinheiro que resultou da venda do património da empresa, cujo montante ascende a mais de um milhão de euros. Agora, o sindicato vai enviar uma exposição ao secretário de Estado da Segurança Social, apelando a que impeça o FGS de recorrer da decisão do tribunal. O documento foi subscrito por 171 trabalhadoras. «Acredito que será uma saída inteligente e de bom senso por parte do Governo», referiu Luís Garra à margem da reunião. O dirigente do STBB considera que a acção do Fundo de Garantia Salarial apenas tem em vista «atrasar uma decisão inevitável e que é favorável às trabalhadoras», pelo que não poupou críticas à postura daquela entidade que, acredita, «encerra algumas contradições».
Para o sindicalista, é «estranho» que noutros processos similares o FGS tenha dado prioridade aos trabalhadores. Joaquim Ferreira, advogado do STBB, mostrou-se bastante confiante com o desfecho do processo e apontou um prazo «de seis a oito meses» para que o acórdão seja proferido. A fábrica de confecções ERES fechou as portas em 2002 e deixou desempregadas 470 mulheres.