O nome da pintora Evelina Coelho vai figurar na toponímia guardense a partir do próximo dia 25 de Abril.
Natural de Vila Fernando (concelho da Guarda), onde nasceu a 30 de maio de 1945, Evelina Coelho era uma figura distinta, dotada de uma enorme sensibilidade artística e humana e, ao mesmo tempo, uma personalidade de grande modéstia. As inúmeras pinturas que deixou são, aliás, expressivas do seu perfil artístico, da qualidade e luminosidade dos seus trabalhos.
Conheci Evelina Coelho quando ela era docente da Escola do Magistério Primário da Guarda, que funcionava onde é, hoje, a sede dos Serviços de Ação Social do Instituto Politécnico da Guarda, instituição onde também lecionou e de cujo símbolo foi autora; na então Escola Superior de Educação do IPG deu aulas até finais de 1997.
O trabalho informativo que desenvolvi, na rádio e na imprensa, motivou sucessivos contactos que permitiram um melhor conhecimento do seu trabalho e do seu perfil humano. Evelina Coelho foi sempre de uma grande cordialidade e consideração para com os media protagonizando uma postura de simplicidade e simpatia, a par de uma vincada educação. Recordo que a Rádio Altitude, através de um programa produzido por António José Teixeira promoveu (em 1981) uma exposição de Evelina Coelho no conhecido “Salão da Lareira” do Hotel Turismo, na Guarda (um dos raros espaços, à altura, para este tipo de iniciativas…).
Com esta estação emissora Evelina Coelho manteve sempre uma grande proximidade, estando sempre disponível para a colaboração que lhe era pedida, sempre com uma admirável simpatia. Aliás, no período de 1990 a 1992 convidei-a a produzir um programa no Altitude, designado “Falando de Pintura”, no qual abordava questões relacionadas com essa temática, contribuindo para divulgar e ajudar a compreender o trabalho de vários pintores e escolas. Uma vez mais mostrou o seu inquestionável valor, a sua cultura, a sua cativante disponibilidade para colaborar.
Na Guarda realizou várias exposições; uma das suas mais recentes mostras, senão mesmo a mais recente, foi “A Memória. Os Contos. Os Sonhos”, promovida pelo TMG. Nessa exposição a pintora guardense apresentou obras inspiradas no universo dos contos e histórias infantis. «As pinturas agora apresentadas por Evelina remontam a um universo infantil por si só já repleto de fantasia e cor. Os contos são representados de uma forma única, uma vez que traduzidos em imagens conseguem contar toda a história no momento de um olhar. John Tenniel, o famoso ilustrador do livro de Lewis Carrol, provavelmente morreria de inveja ao ver a Alice retratada por Evelina», como escreveu Heloísa Paulo na introdução ao catálogo dessa exposição.
Evelina Coelho esteve representada em mais de cem exposições em Portugal, Espanha, França, Bélgica, Suíça, Alemanha, Canadá e Brasil, figurando em numerosas coleções públicas e privadas no nosso país e no estrangeiro. Ilustrou vários livros os quais enriqueceu com o seu estilo muito próprio.
Era “Accademica Corrispondente” e “Cavaliere Ufficiale Accademico” da Academia Internacional de Greci-Marino, na Itália, tendo sido distinguida, na Bélgica, pela Fundação Europeia, com o grau de Comendador e Grande Oficial. Recebeu várias medalhas e condecorações, figurando no Dicionário de Arte Internacional “Who’s who in International Art”, no “Dicionário de pintores e escultores portugueses”, bem como no “Livro de ouro da arte contemporânea em Portugal”, na publicação “Arte no Feminino” e também no livro “O Figurativo nas Artes Plásticas em Portugal no séc. XXI”. Em 1992, na Guarda, foi-lhe atribuída a medalha de mérito municipal.
A Guarda teve em Evelina Coelho um dos seus expressivos expoentes artísticos, que vai estar sempre connosco, através do encanto da sua pintura, da mensagem de paz e serenidade que sempre transmitiu; agora, justamente, como o seu nome inscrito na toponímia da cidade.
Por: Hélder Sequeira