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Ética, respeito, convicção e cidadania

Agora Digo Eu

Kant, na “Critica da Razão Prática”, aborda inúmeros aspetos do pensamento onde o imperativo ético é sem dúvida o mais evidente e, se a liberdade é um princípio fundamental inerente ao ser humano, a ética está para o mundo e para o regime democrático como o respeito que o Estado tem de ter na procura de uma vida digna para com os seus cidadãos.

A ética não pode nem deve ser confundida com a lei ou mesmo com a moral, atribuindo-lhe o princípio definido por Aristóteles como sendo a ciência moral onde implicitamente se tem de aceitar o modo de ser e o carácter, pois só admitindo que a liberdade é o princípio básico e elementar do Homem, esta ciência é entendível na vivência e convivência em sociedade, baseando-se no respeito pelas várias culturas e responsabilizando cada indivíduo pelas escolhas que efetivamente faz. Daí que a escolha tem sempre a ver com a firmeza da convicção.

A filosofia que lhe é inerente deverá ter em conta o afastamento, ou não, de seitas, crenças ou religiões e não é assobiando para o lado, metendo a cabeça na areia, utilizando quantas vezes teorias do distanciamento, esquecimento, cinismo, hipocrisia ou mesmo argumentos da verdade universal e dogmática, com o recurso da fuga ao diálogo, que qualquer problema ou questão fica efetivamente resolvida. Todos os processos que assistimos ou estamos a assistir, quer se goste, quer não se goste, encaixam no processo de cidadania.

Eis assim chegado o momento da sociedade assumir outros e novos desafios, tendo sempre presente os conceitos de cidadania e liberdade, pois partindo do princípio que é proibido proibir e, porque a burguesia e a direita continuam e continuarão filosoficamente limitados, não se pode contar com eles, é de extrema importância a reinvenção da cidadania que se ajuste a este novo tempo como aposta diferente mas decisiva, mantendo-nos atentos, despertos e interessados, exercendo cabalmente os direitos consagrados na Constituição num caminho direito ao futuro e no legado que teremos de deixar aos vindouros.

Tudo isto pensado e discutido nesta República laica, percebendo contudo que as heranças culturais deixadas pelos nossos antepassados, não abonam a favor dos próprios: um país que se inicia com um filho a bater na mãe, uma monarquia repleta de traições e na entrega da soberania ao vizinho, uma monarquia constitucional onde os golpes absolutistas foram mais que muitos, para chegarmos aos erros grosseiros na 1ª República e às vicissitudes do regime de Salazar e Caetano, a que se seguem as aventuras do PREC, etc. etc. etc.

Costa está no bom caminho contestando tudo aquilo que deveria ser exceção, naquilo a que direita atribuía regra e começa a fazer regras à própria exceção. Oxalá não vacile.

Por: Albino Bárbara

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