«Não conseguimos tirar os casacos, pois temos muito frio», queixa-se Pedro Nunes. O pequeno aluno, de apenas sete anos, é um dos muitos que têm aulas numa sala anexa ao ATL do Bairro do Pinheiro sem aquecimento, onde as crianças são obrigadas a permanecer de luvas e casacos vestidos para conseguirem trabalhar.
Mas nem só o Pedro se queixa do frio que faz na sala. Quando questionados todos são unânimes. «Faz frio cá dentro», ouve-se. O aluno do segundo ano conta que apenas tem aulas de expressão plástica naquele espaço. «É um bocado difícil trabalhar com casaco e luvas, mas faz frio cá dentro, por isso tem de ser», diz, resignado, ao mesmo tempo que afirma que os seus colegas «também trabalham com os casacos vestidos». João Silva, de oito anos, confirma. «Tenho frio», queixa-se, admitindo que a situação «não é muito fácil» de suportar. O pequeno nem parece importar-se de trabalhar de casaco, mas acrescenta que, «às vezes, é difícil estudar e estar com atenção». Segundo Carlos Nunes, porta-voz da Comissão de Pais da Escola do Bairro do Pinheiro, o espaço terá sido cedido há cerca de dois meses pela Câmara Municipal em alternativa às salas do estádio municipal. «A Comissão de Pais achou que o ideal era as aulas serem no bairro e o pelouro de Educação conseguiu esta sala, o que nos deixou satisfeitos, uma vez que se evitam as deslocações das crianças», explica.
Contudo, na mesma altura os pais dos alunos pediram também aquecimento e cortinas para tornar o espaço mais acolhedor. Isto porque «há muita humidade na sala e, sem qualquer tipo de aquecimento, as crianças têm que efectuar as suas actividades com os casacos, pois o frio está a apertar», refere. Porém, até à data Carlos Nunes diz que ainda não obtiveram qualquer resposta da autarquia. Segundo o porta-voz da Comissão de pais, os professores também se queixam das condições. É o caso de Susana Gabriel, que confirma que «a maior parte dos alunos fica com o casaco vestido» durante as aulas de inglês, o que «lhes dificulta a vida». «Ultimamente tem estado muito frio de manhã e, quando chegamos, as salas estão geladas, pelo que as crianças não se conseguem concentrar», refere a professora. Carlos Nunes lembra ainda que «esta é a única sala sem qualquer tipo de aquecimento», apesar de existir outra, anexa ao ATL do Bairro do Pinheiro, onde as crianças, para além de algumas actividades extra-curriculares, têm catequese. «Essa sala tem um único radiador a óleo, mas que também é insuficiente», considera.
O pai do pequeno Pedro sublinha que estas «não são as melhores condições» para as crianças estarem. Confrontado com as estas afirmações, Virgílio Bento adianta que não tinha conhecimento da situação. «As professoras ainda não nos tinham alertado, e essa é também uma das suas funções», esclarece. Entretanto, após o contacto de O INTERIOR [na terça-feira], o vereador com o pelouro da Educação, e também vice-presidente da Câmara da Guarda, enviou um técnico para avaliar o caso e tentar resolver o problema. No total, cerca de 42 crianças têm actividades de tempos livres, nomeadamente Inglês e Expressão Plástica, nesta sala.
Tânia Santos