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Estudantes do IPG ameaçam boicotar início do ano lectivo

Novo atraso no pagamento das bolsas de estudo poderá motivar posição de força em Outubro

Caso os dois meses de bolsas em atraso não sejam pagos até Setembro, os estudantes do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) ameaçam boicotar o início do próximo ano lectivo. Esta é uma situação que não é nova e que coloca em dificuldades muitos dos 866 alunos bolseiros da instituição que, no total, têm a receber cerca de 100 mil euros. A Associação Académica da Guarda (AAG) estuda agora a possibilidade de avançar com uma acção em Tribunal por causa do sistemático atraso no pagamento das bolsas aos estudantes.

«O ano lectivo não começará sem as bolsas estarem pagas ou então irá começar de uma forma muito turbulenta», avisa Sérgio Pinto, presidente da AAG, que assegura que esta situação «está a prejudicar imenso o percurso académico dos alunos e a ter repercussões graves nas suas notas». A AAG alude a «casos extremos» de necessidade, sendo que os alunos mais carenciados, aqueles que têm a bolsa máxima, estão a ser ajudados pelos serviços de Acção Social do IP. O dirigente tem indicações de que os dois meses de bolsas em atraso deverão ser regularizados até Setembro: «Vão ser pagas bolsas em Agosto e em Setembro. Ora em Agosto os alunos não precisam delas porque, supostamente, estão em casa ou a trabalhar para ganhar alguns trocos. Eles precisam das bolsas é aqui para se conseguirem sustentar e terem bons proveitos académicos», refere o dirigente. No momento de encontrar responsáveis pela situação, o estudante reconhece que, até ao momento, não conseguiram apurar quem, «de facto», tem culpa nesta matéria. «Sabemos, ao que tudo indica, que o ministério das Finanças terá culpas porque não conseguiu ou não quis conseguir adiantar os duodécimos necessários para pagar as restantes bolsas aos alunos», frisa.

Contudo, o estudante esperava mais do IPG para solucionar o problema e, para apurar responsabilidades, a AAG tem dois advogados a trabalhar no assunto, sendo que o objectivo é avançar com um processo judicial. «Esperamos que o Tribunal consiga chegar a uma conclusão sobre o responsável por muitos alunos estarem neste momento em dificuldades extremas», sublinha. A associação entende que há motivos para proceder judicialmente, uma vez que «quando se entra para o ensino superior com estatuto de bolseiro há determinados direitos e deveres a cumprir», realça. Sérgio Pinto acrescenta que falta perceber qual é a legitimidade para a AAG avançar com a acção: «Sabemos que um aluno bolseiro poderá fazê-lo, mas nós, enquanto associação, teremos certos constrangimentos», adianta, prometendo reclamar os respectivos juros das bolsas em atraso «se tivermos direito a isso».

Propinas podem subir para 600 euros

Outra situação que preocupa a AAG é o possível aumento das propinas para 600 euros, isto quando teria sido assegurado que o valor se manteria nos 550 euros por dois anos. «Não nos calaremos, nem consentiremos que tal aconteça porque ficou explícito em acta que durante dois anos manter-se-iam os 550 euros», recorda. O dirigente associativo lançou ainda um alerta quanto ao futuro do IPG, considerando «urgente pensar-se numa solução para o Politécnico, porque o prazo de validade está a acabar. De outra forma, isto irá acabar mais cedo ou mais tarde, o que será mau para toda a região e para os alunos», sustenta. Na conferência de imprensa, realizada na última terça-feira, foi ainda apresentada a iniciativa “Óscares da Academia”, que será essencialmente uma sátira de quem «pior se portou ao longo do ano», mas também um gesto de louvor aos outros. Pela positiva, serão eleitos os melhores núcleo, atleta, dirigente associativo, académico, dirigente do IPG, funcionário, docente, evento e ainda a individualidade do ano. No campo oposto, será votado “O pior do ano”. As hipóteses são o «triste caso» das bolsas de estudo, a situação ainda «lamentavelmente indefinida» da presidência do IPG, a Escola Profissional, que funcionará na ESTG, e a Semana Académica por ter tido um investimento «francamente menor» que no ano passado. Os vencedores serão revelados numa gala a realizar em Outubro.

Sérgio Pinto quer saber porque razão IPG não teve cursos aprovados

Sérgio Pinto quer saber «porque é que não foram aprovados cursos para o IPG» e quais os motivos que levaram a que o Politécnico de Castelo Branco tenha aprovados três cursos semelhantes – Animação Cultural, Gestão Turística e Secretariado – a alguns existentes na Guarda. «Será que são respeitados os sistemas de redes e será que há alguma planificação do ensino superior politécnico?», questiona. Por outro lado, o presidente da AAG lembra que, no passado, o IPG teve quatro novos cursos aprovados , mas só Farmácia se revelou uma boa aposta. «Conseguimos aprovar cursos, e o Ministério se calhar pensa nisso, que nem 10 alunos tiveram todos juntos e isso é assustador», critica.

Ricardo Cordeiro

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