Nicolau Breyner está de volta aos palcos numa comédia de costumes encenada por Jô Soares, a partir de um texto de Pedro Bloch. O actor veste a pele de três personagens distintas em “Esta Noite Choveu Prata”, que está em cena hoje e amanhã no Teatro Municipal da Guarda (TMG). É um regresso ao teatro após 25 anos de ausência e a estreia no nosso país do brasileiro Jô Soares como encenador.
Trata-se de uma comédia de costumes da autoria do dramaturgo ucraniano naturalizado brasileiro, Pedro Bloch, em que Nicolau Breyner interpreta o papel de um português, de um maestro italiano e de um velho actor brasileiro. Neste monólogo, o actor é sucessivamente Francisco Rodrigues, de maneiras rudes e alma generosa; Pietro Bonardi, que tenta contar a sua tragédia de vida com toda a paixão e entusiasmo característicos dos latinos; e, por fim, um actor em final de carreira, abandonado por todos, com excepção dos seus amigos Francisco e Pietro. De acordo com uma nota da produção, as diferentes nacionalidades das três personagens permitem ao actor «uma diferenciação interpretativa mais flagrante, mais fluída, uma separação de tipos mais perfeita através da maneira de ser, do temperamento, carácter, gosto, sotaque, expressões e citações». Segundo o mesmo texto, Pedro Bloch procurou dar ao português um carácter-síntese da nacionalidade portuguesa, patente numa rusticidade cheia de ternura e imensa generosidade. Para o italiano, procurou resumir a «alma do seu país», através de gestos e de uma verbosidade cheia de “bemóis”, paixão e vibração. No segundo acto, o indivíduo que está oculto, atrás de um biombo, numa cama doente, mas cuja presença cresce do início até ao fim da peça, ergue-se do seu leito após a visita dos dois amigos e vive o seu papel. Descobre-se então o terceiro protagonista de “Esta Noite Choveu Prata”, o velho actor brasileiro.
