Os socialistas espanhóis escolheram este domingo renovar o mandato de Pedro Sánchez como secretário-geral do PSOE. A “baronesa andaluza” Susana Díaz, apoiada pelo aparelho, queria manter o PSOE ao centro do quadro político espanhol e fazer uma oposição “responsável” aos conservadores. Foi este o caminho escolhido no Comité Federal socialista que, ainda no ano passado, determinou a demissão de Sánchez e viabilizou a investidura de Rajoy como primeiro-ministro.
Já Sánchez reapareceu como o candidato das bases, apoiado que é pelos chamados militantes anónimos, propondo que o PSOE deve convergir à esquerda com os partidos disponíveis para acordos de governação. No fundo, nesta eleição havia dois caminhos em confronto: virar à esquerda para representar uma real alternativa política ao centro-direita; ou manutenção de propostas políticas moderadas sem romper com a chamada doutrina social-democrata nem com o chamado consenso europeu.
Em França e no Reino Unido, socialistas e trabalhistas, respetivamente, optaram pela primeira via e os resultados (no caso britânico são ainda sondagens para as eleições de Junho) não são animadores. Na Grécia, Holanda, Alemanha e até mesmo em Portugal (sendo o caso luso sui generis, a verdade é que tanto Seguro como Costa não divergiram do tal consenso moderado e o resultado foi uma clara derrota contra a coligação PSD-CDS) foi a segunda opção a escolhida e os resultados também não foram positivos, longe disso.
Quando, há um ano, Rajoy se mostrava incapaz de recolher os apoios necessários para formar Governo, Sánchez teve oportunidade de se aliar à Esquerda (Podemos) e acabou por pactar com o centrista Cidadãos. Agora veremos a real capacidade do renovado líder para implementar a prometida agenda de esquerda. Se a escolha agora feita por militantes socialistas, cansados da velha alternância sem alternativa, voltar a mostrar que na prática a teoria é outra, isso dificilmente deixará de significar uma nova hecatombe do PSOE nas próximas legislativas. E aí o Podemos terá conseguido finalmente o esperado “sorpasso”. Não são apenas os socialistas espanhóis que dependem do sucesso, ou insucesso, de Sánchez.
2- As autárquicas estão aí à porta. Do que é para já possível antecipar, poucas mudanças acontecerão dentro de meses. Sem alternativas credíveis, isso resultará da ausência de escolhas. É que se o modelo de gestão autárquica no distrito da Guarda se manteve o mesmo, o processo de escolha de candidatos continua a privilegiar vontades pessoais às das comunidades.
Por um lado, os principais desafios continuam a ser os mesmos de 2013, o que por si só mostra o quão pouco de estrutural mudou em quatro anos. Por outro, as melhoras nas contas autárquicas, que serão colocadas como medalhas ao peito pelos recandidatos a presidentes de câmara, não resultam de nenhum ímpeto calvinista. Mas de imposição inscrita no memorando acordado com a “troika”.
Excetuando quem por vínculo encara com fulgor as próximas eleições locais, as autárquicas surgem no horizonte como a repetição de pesadelos passados.
Por: David Santiago