…se estás a pensar com um ano de avanço, semeia; se pensas com 10 anos de avanço, planta uma árvore mas, se estás a pensar com 100 anos de avanço educa o povo!…ditado chinês de o ano 500 A.C.
O ano lectivo já começou, há alguns dias e, preocupa a forma como todos os anos se dá ênfase aos custos com o material escolar. Será que os pais consideram que comprar livros, cadernos e lápis para escrever, não faz parte da sua responsabilidade enquanto pais? Será que os pais não entendem que, a maior riqueza que podem deixar aos filhos é a formação e, esta também passa pela educação, o saber, o estudar? Comprar ténis caros, comprar o telemóvel do último grito, ou aqueles jeans, ou aquela consola de jogos, não é problema, o problema mesmo é comprar livros, cadernos e lápis!
É verdade que o estado impôs, e bem, o ensino obrigatório até ao nono ano. E ultimamente até foram criados os CEF (Cursos de Educação e Formação), onde infelizmente, contrariando o objectivo dos mesmos, muitos jovens, prolongam nesses cursos a atitude e comportamento, perante os estudos, que já tinham antes. Acresce ainda, o facto de alguns pais, que não tiveram oportunidade de estudar, condenam e condenam-se por tal ter acontecido…E são, em muitos casos, os mesmos que agora dizem que não são eles a obrigar os filhos a estudar, mas sim o estado, a sociedade. Então que paguem!…
E pagam mesmo, alimentando esta onda de subsídio dependência que se instalou na nossa sociedade, numa infinidade de subsídios, apoios, livros, materiais e transportes, de tal maneira, distribuído por tantos, que ficamos em saber quem realmente precisa. E aqui existe um grande equívoco. É que esse dinheiro, que para alguns é do estado, não é senão de todos nós e, porque é pouco, para ir para um fim menos claro, deixa de ir para outro, possivelmente mais necessário.
O encarregado de educação duma criança, porque esta é reincidente em atitudes que não têm cabimento dentro da escola, é chamado várias vezes à escola. Nunca apareceu. Aparece imediatamente, no dia a seguir, em que o professor decide, por utilização indevida e abusiva dentro da sala de aula, retirar-lhe o telemóvel…Muitos pais teimam em alhear-se do que realmente interessa na vida da escola, a sua razão de existir, a aprendizagem. O bom mesmo é ter um local onde deixar a criança às oito e trinta da manhã e ir apanhá-la às dezanove e trinta (para muitos, este horário, se fosse um pouco mais alargado, seria melhor, porque assim a criança ia logo para a cama…) e no fim de semana, no shopping, é que se compensaria, a mesma criança, de tudo o que faltou durante a semana.
Uma vez que andamos todos tão ocupados, apelo, para que paremos um pouco e, nos interroguemos onde pretendemos chegar, com esta desresponsabilização, em primeiro de nós próprios, acrescido, do constante passar da responsabilidade para os outros. Uma questão base de cidadania, onde existem direitos, mas existem também deveres (de cada um…)
Uma criança dum país de leste, há meio ano em Portugal, manifesta para o professor a sua insatisfação pela forma como estas coisas acontecem entre nós _ no meu país, não é assim, quem não sabe a tabuada, não passa, mas é a sério! Acresce referir que, em vinte e cinco alunos da turma, esta criança é um dos melhores…A academia de Stª. Cecília ficou em primeiro no ranking das escolas, segundo percebi, nas imagens, os quadros ainda eram pretos e a giz. Não vamos, agora, pensar que nos quadros interactivos é que está a solução!
Quanto às crianças, inteligentes como são, aproveitam e deixam-se ir na onda e também elas se esquecem “do seu dever”, talvez pensando que mais tarde vão poder recuperar. Mas também aqui é importante referir que existe a desculpa colectiva de, quando no complementar, é porque vêm mal preparados do 3.º ciclo, depois é do 2.º, depois, ainda do 1.º e, por aí fora até chegar ao ponto em que não podemos atribuir culpas ao leite…
Malta nova mostrem lá em casa e, na escola, como conseguem, quando querem…ser responsáveis. É melhor não esquecerem que, como dizia Albert Einstein…O único sítio, onde o sucesso vem antes do trabalho, é no dicionário!
Por: Aires Almeida