O desafio lançado em Fevereiro foi inédito e, dez meses depois, já foram encontradas as maiores árvores do distrito da Guarda. O concurso promovido pela Associação de Transumância e Natureza (ATN) de Figueira de Castelo Rodrigo chegou ao fim e os resultados foram conhecidos no último sábado. No total, foram distinguidos 13 exemplares de oito espécies autóctones da região, com destaque para um carvalho-negral de João Bragal (Guarda), com 16 metros de altura e seis de perímetro do tronco, e um imponente sobreiro da Nave Redonda (Figueira de Castelo Rodrigo) de 12,6 metros de altura e seis metros de perímetro do tronco.
O desafio da ATN pretendeu referenciar as árvores monumentais do distrito, tendo em conta o seu porte, desenho, idade ou mesmo a raridade de cada espécime. As árvores seleccionadas vão agora constar de um roteiro turístico que a associação irá elaborar «durante o próximo ano». O projecto, lançado para «potenciar o turismo ecológico e a educação ambiental da região», foi anunciado por Alice Gama, bióloga da ATN, durante a entrega dos prémios. A concurso estiveram 47 árvores, “descobertas” por 25 concorrentes, oriundos de todo o distrito, mas sobretudo dos concelhos de Seia, Figueira de Castelo Rodrigo e Trancoso. Contudo, o número de inscrições terá ficado «aquém das expectativas» da associação, cujos elementos percorreram as escolas básicas e secundárias do distrito nos últimos meses para divulgar a iniciativa. Em contrapartida, a qualidade das árvores apresentadas surpreendeu.
Alice Gama fala em «árvores muito boas e bastante antigas, destacando-se, sobretudo, os carvalhos-negrais e os sobreiros». Estes e outros espécimes serão propostos, «dentro em breve», para classificação de interesse público junto da Direcção-Geral de Recursos Florestais, «dada a sua importância, idade, localização e aspecto estético», justifica a bióloga. Por outro lado, a ATN também tenciona recorrer ao apoio das autarquias, porque algumas destas árvores precisam de intervenções sanitárias devido ao seu «estado debilitado». O júri do concurso, constituído pela bióloga da associação e outros três técnicos convidados, fez uma pré-selecção das árvores e visitou 19 exemplares. Uma espécie de «romaria ecológica» que, ao que tudo indica, deverá ter continuidade para o ano, até porque «a riqueza do distrito é muito maior do que aquilo que ficou evidenciado nesta primeira edição», sublinha Alice Gama.
Daniel Leocádio, natural de Trancoso, foi um dos jovens laureados com uma máquina fotográfica digital e premiado na categoria de maior carvalho. «Concorri com três árvores que já conhecia, do Carvalhal da Mêda, que é a terra do meu avô», explicou o jovem de 12 anos. Da Quinta da Torre (Figueira de Castelo Rodrigo) chegou outro dos vencedores. Alberto Vianez, de 14 anos, elogiou a iniciativa e garantiu que vai continuar «em busca da maior árvore» do distrito até à próxima edição do concurso.
Rosa Ramos