Arquivo

Empresário investe mais de 1,5 milhões de euros na Villa Cruz

O grupo empresarial Oriental K adquiriu a Villa Cruz, em Trancoso, por 545 mil euros e vai investir mais de um milhão de euros para transformar a propriedade num complexo que inclui um museu de arte contemporânea e uma unidade hoteleira.

Com raízes em Trancoso, onde viveu dos 7 aos 14 anos, Carlos Pena, responsável pelo grupo Oriental K, está de volta à “cidade de Bandarra” com a aquisição e futura recuperação da Villa Cruz, «uma propriedade excecional e central na cidade». Este investimento não dará apenas uma lufada de ar fresco ao núcleo urbano, também a Villa Azy, ladeada por um jardim de buxo com árvores de grande porte (como cedros, sequoias, teixos e carvalhos canadianos), ganhará nova vida.

Numa primeira fase (num período de três anos) «pretendemos a recuperação integral deste património arquitetónico e vegetal, dando o nosso pequeno contributo para o conjunto que é a beleza arquitetónica e monumental» de Trancoso, adiantou o promotor imobiliário a O INTERIOR. O grupo Oriental K investiu 545 mil euros na compra do espaço e vai aplicar mais de um milhão de euros na sua requalificação, «isto sem contar com o acervo de obras», revela o empresário. Posteriormente, será criada uma fundação para gerir o património material e imaterial da Villa Cruz, «que já começamos a reunir com a ajuda inestimável das famílias que habitaram a propriedade (os Saldanhas e os Lencastres)», acrescenta Carlos Pena. O projeto previsto contempla um Museu de Arte Contemporânea & Design (que funcionará na Villa Cruz), bem como uma «pequena» unidade hoteleira de charme com restaurante (que ficará na Villa Azy).

«Já começamos a adquirir acervo de escultura internacional para a exposição permanente do museu e pretendemos que ela seja única», desvenda o responsável, sublinhando que o objetivo é reunir «cerca de 100 peças de aproximadamente 40 escultores internacionais de renome». E, como todo o investimento gera emprego, Carlos Pena adianta que será criado «um quadro de meia dezena de postos de trabalho» que, no limite, poderá chegar aos dez. Além do regresso às raízes, o empresário justifica o investimento num concelho do interior como sendo «um desafio». «Somos um grupo empresarial que nasceu em 2008, que cresceu como promotor imobiliário, mas depressa entrou noutras áreas de negócio», afirma, adiantando que o grupo investiu recentemente numa empresa de novas tecnologias na Covilhã, onde criou quatro postos de trabalho.

Já em Trancoso adquiriram, em 2016, o Solar dos Andrades, Sampaios, Costas e Pereiras, datado de 1520, já recuperado. Carlos Pena não regateia elogios à Câmara, reconhecendo que «têm feito o possível com os meios de que dispõem» para criar dinâmica nas áreas da arte e turismo. «A oferta cultural em Portugal, excetuando nos grandes centros urbanos, não é muito diferenciadora e os grupos privados não são estimulados a este tipo de iniciativas de cariz filantrópico porque não existem políticas fiscais adequadas para o efeito», afirmou. De resto, Carlos Pena considera que, para atrair pessoas – nomeadamente turistas –, é preciso «uma oferta diferenciadora de produto turístico e cultural e a promoção da região do outro lado da fronteira», sobretudo em centros urbanos acima dos 100 mil habitantes. «Temos todos os ingredientes na região: paisagem, arquitetura e gastronomia», garante o promotor imobiliário. O responsável acredita que o projeto na Villa Cruz trará uma nova vida à “cidade de Bandarra”, pois já «existe uma dinâmica muito interessante e até surpreendente»: «Desde que a Villa Cruz foi adquirida temos sido contactados por pessoas com raízes em Trancoso que vivem no Porto, Lisboa, Faro, etc, que nos incentivam com palavras e ações para a criação deste espaço», revela Carlos Pena, sublinhando que será um «espaço de pessoas» dedicado à criação artística e à fruição de arte contemporânea e do design.

Autarquia acredita que este investimento será «uma mais-valia» para Trancoso

«Naturalmente que a Câmara se congratula com o facto de continuar a haver privados que acreditam em Trancoso», declara Amílcar Salvador, dizendo-se confiante de que este investimento será «uma mais-valia» para a “cidade de Bandarra”. «A aquisição de um espaço tão nobre como a Villa Cruz por um particular, e obviamente os projetos que tem para aquela área, é sinal de que Trancoso mexe e que as pessoas continuam a acreditar muito» no concelho, considera o presidente do município, para quem a cidade é «uma terra de grandes potencialidades».

Sara Guterres Promotores tencionam criar fundação para gerir o património material e imaterial da Villa Cruz

Sobre o autor

Leave a Reply