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Economia portuguesa vai recuar 3,5 por cento em 2009

Está ao pior nível desde 1975, só durante o PREC a produção de riqueza em Portugal desceu tanto

O alerta está lançado depois do Banco de Portugal (BdP) ter revisto em baixa a estimativa de crescimento económico para o país. Na terça-feira, a instituição presidida por Vítor Constâncio disse esperar uma contracção do PIB (Produto Interno Bruto) em 3,5 por cento, o pior desempenho desde os 4,3 por cento de contracção registados em 1975.

As projecções mais recentes do BdP, com base em informação disponível até ao fim de Março, apontam para «uma queda do PIB de 3,5 por cento em 2009», muito além dos 0,8 por cento anteriormente previstos pelo banco central português. Trata-se do pior registo da economia nacional nos últimos 34 anos. «No quadro da maior crise económica mundial desde a recessão de 1929/30, Portugal entrou também, no segundo semestre de 2008, num período recessivo, que se concluiu como o mais profundo e duradoiro da última década», disse Vítor Constâncio, em conferência de imprensa. A previsão anterior, relativa a 6 de Janeiro, apontava para uma queda de 0,8 por cento da actividade económica, pelo que a revisão foi de 2,7 pontos percentuais. No entanto, já várias vezes nos últimos meses, o governador do Banco de Portugal tinha dado a entender que esse número seria revisto em baixa.

Na conferência de imprensa da passada terça-feira, Vítor Constâncio afirmou que, há menos de uma semana, se tinha manifestado mais pessimista em relação à evolução da economia portuguesa, indiciando que o PIB poderia cair mais que na recessão de 1993 (altura em que recuou 1,4 por cento). A queda de 3,5 por cento do PIB agora prevista pelo Banco de Portugal foi mais forte do que o esperado pelos analistas contactados pela Lusa, que tinham antecipado um recuo de três por cento. A justificar a revisão do Banco de Portugal estão as revisões das componentes do consumo, mas sobretudo das exportações e do investimento. O consumo privado deve recuar 0,9 por cento este ano, em vez da anterior subida de 0,4 por cento, penalizado pela queda da despesa em bens duradouros e pela desaceleração das compras de produtos não duradouros.

O Banco de Portugal nota que esta queda do consumo privado acontece apesar do contexto ser favorável ao aumento do rendimento disponível. Assim, é sobretudo a deterioração das condições no mercado de trabalho e o aumento da incerteza sobre os rendimentos futuros das famílias que estão a pressionar o consumo. O investimento descerá 14,4 por cento (revisão de 12,7 pontos percentuais) e as vendas ao estrangeiro devem baixar 14,2 por cento (previsão anterior era de recuo de 3,6 por cento).

O consumo público é a única componente do PIB que deverá registar uma subida (de 0,4 por cento, valor que compara com a queda esperada nas previsões de Janeiro que apontavam para descida de 0,1 por cento). As importações também deverão cair (11,7 por cento). O relatório do Banco de Portugal nota que a justificar a “forte” queda do investimento deve estar a componente empresarial, bem como a residencial.

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