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«É necessário prevenir risco de inundações»

Conselho foi deixado na Guarda pelo geógrafo Fernando Rebelo

Apesar de, à partida, não haver grandes riscos de inundações na região da Guarda e da Serra da Estrela não se pode deixar de ter em consideração algumas medidas de prevenção. O aviso foi deixado pelo geógrafo Fernando Rebelo, antigo reitor da Universidade de Coimbra, que esteve, na semana passada, na Escola Superior de Educação da Guarda para falar sobre os “Riscos Naturais: um caso de estudo: inundações no Baixo Mondego”.

O professor catedrático da Universidade de Coimbra considera que «há uma ligação entre os distritos da Guarda e Coimbra nesta área dos riscos», tendo em conta que o Mondego «leva muita água da Serra da Estrela», que, por sua vez, transporta «muito material cada vez mais por causa dos incêndios» ocorridos em grande escala na região, nomeadamente durante o Verão. De resto, ainda que o material que Mondego leva vá ficando nas barragens e não chegue actualmente ao Baixo Mondego, é preciso ter em consideração que «em tempos já lá chegou», o que poderá voltar a ocorrer: «Hoje não chega, mas as barragens, ficando entulhadas e assoreadas ao fim de umas dezenas de anos, deixam de ter interesse e lá voltamos outra vez à primeira forma e todo esse material vai passar outra vez a chegar ao Baixo Mondego», adverte. Assim, «é tudo uma questão de tempo. Nós estamos aqui para chamar a atenção para os problemas e os engenheiros para os resolver. Portanto, acho que enquanto o homem estiver atento não vai haver grandes problemas», considera.

Por outro lado, apesar dos riscos de inundações «não serem iguais aos que se põem no Baixo Mondego», eles não deixam de ser «importantes à escala local», frisou. No entanto, «há linhas de água que podem, num dado momento, criar problemas, muitas vezes, induzidos pelo próprio homem porque estão a ser ocupadas em áreas em que não deveriam ser», alerta. Pelo que poderá surgir num dado momento a que chama crise. «Será uma crise de dimensões diferentes, uma coisa mais pequena, mas que pode prejudicar pessoas», realça. Deste modo, «mesmo na Guarda, é preciso pensar nas linhas de água existentes e que descem, por exemplo, em direcção à planura da Meseta. Estamos aqui em plena Cordilheira Central, há declives importantes que, com o crescimentos das cidades, estão a transformar-se em áreas impermeáveis e que irão fazer com que a água circule mais depressa em casos de chuvadas intensas», indica. Uma conjuntura que «é já o início do problema que se pode pôr», completa.

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