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Liberdade de expressão e respeito – da teoria à prática

Ao ler atentamente o “Urbi et Orbi”, na edição 314, encontrei um artigo do professor António Fidalgo, versando sobre as 12 caricaturas dinamarquesas e estabelecendo a correlação com a liberdade de expressão e o respeito pelas diferentes opiniões e culturas.

Numa fase do texto, refere que “a liberdade de expressão é um dos princípios fundamentais da civilização ocidental. É um bem e um fim em si mesma e como tal inegociável.” (sic). E remata: “O Urbi@Orbi (…) em procurado relatar com verdade e objectividade o que se passa na UBI e tem proporcionado aos alunos de Comunicação exercerem em ambiente real a tarefa, cheia de responsabilidade, de se exprimirem livremente. Não é pouco.” (sic)

Não fosse o tema do artigo e não teria ousado escrever estas linhas. Todavia, lembrei-me de um episódio que aconteceu a 18 de Janeiro quando, enquanto dirigente da AAUBI, tentei publicar um artigo sobre a sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco que deu provimento à providência cautelar interposta pelos alunos. O mesmo foi publicado no “Diário XXI” e n’ “O Interior”, mas do Urbi@Orbi recebi o seguinte e-mail, assinado por António Fidalgo:

«Acho que não devo publicar o seu texto. As razões são simples. Embora o Urbi não seja um jornal oficial da UBI (nunca fui nomeado director por ninguém), é um jornal da UBI na medida em que é um elemento ou laboratório dos alunos do Atelier de Jornalismo. É feito nas instalações da UBI e tem de ter em conta os interesses da escola, de acordo com o entendimento que faz deles o seu máximo responsável, o Reitor, mesmo podendo eu discordar desse entendimento. Tivesse o Urbi um suplemento da responsabilidade da AAUBI, e então a situação seria diferente. (…) Mas, como director do Urbi (…), acho que o seu texto, por mais pertinente e até de interesse para outros órgãos de comunicação, põe em cheque o Reitor e isso eu não posso aceitar que seja publicado ali».

Penso não cometer nenhuma inconfidência ou beliscar a reserva da vida privada, porque o mesmo foi partilhado pelos professores Anabela Gradim e João Canavilhas e pelos jornalistas Catarina Rodrigues e Eduardo Alves. Em consequência da perplexidade e da “censura” praticada, respondi:

«(…) Agradeço-lhe a amabilidade em explicar as razões que o levam a não publicar o meu artigo. Assumo que tem alguns “condimentos” que contendem com a actuação do máximo responsável da UBI. Mas isso não deve ser inibidor da sua publicação. (…)».

O artigo não foi publicado! Resta-me apenas pedir aos leitores para tirarem as ilações que julgarem convenientes. (…).

Paulo Ferrinho, ex-dirigente da AAUBI

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