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Duas noites de violência deixam Guarda em sobressalto

Indivíduo com «perturbações psiquiátricas» provocou danos em nove instituições bancárias

As duas primeiras noites desta semana deixaram a cidade da Guarda em sobressalto. De domingo para segunda-feira, dois estabelecimentos na zona da Estação foram alvo dos criminosos. Na noite seguinte foi a vez de um indivíduo com perturbações mentais ter causado estragos no edifício que acolhe o serviço de Psiquiatria do Hospital Sousa Martins. Não satisfeito, durante a fuga, o suspeito danificou ainda ATM’s (caixas multibanco), portas e vidros de nove instituições bancárias, desde o centro da cidade até à Guarda-Gare. O indivíduo já está internado na ala psiquiátrica do Hospital da Guarda e a PSP já está a seguir «algumas pistas», no encalço dos suspeitos dos furtos.

No Hospital da Guarda, tudo terá começado pelas 22h30 de segunda-feira. «Em menos de cinco minutos, foi um incidente momentâneo, o indivíduo partiu seis janelas e duas portas do rés-do-chão com uma ferramenta, provavelmente um pé-de-cabra», relata Fernando Girão, director do Hospital da Guarda. Alguém terá assomado do topo do edifício e, ao ouvir os gritos, o sujeito colocou-se em fuga. A PSP foi chamada ao local, mas a fuga já tinha originado uma vaga de destruição que só terminou na outra ponta da cidade. Primeiro, tentou accionar o alarme na CGD na Rua Marquês de Pombal e na caixa multibanco instalada no exterior do edifício. Seguiu-se o multibanco do BPN (na Praça Monsenhor Alves Brás), a porta da Caja Duero (na Rua António Sérgio) e, antes de chegar à Guarda-Gare, a porta e caixa multibanco do Montepio Geral (junto à rotunda da Póvoa do Mileu). Na Estação, os danos começaram logo na rotunda para o Parque Urbano do Rio Diz, seguindo-se a porta do BPI, a porta e o multibanco do Finibanco e do BES. Avenida de S. Miguel acima, o suspeito provocou estragos no vidro e no multibanco Millennium, terminando alguns metros depois. A caixa multibanco e a fachada do Santander Totta, antes da ponte sobre a linha de caminhos-de-ferro, ficaram no estado que se pode ver na fotografia da primeira página.

O suspeito continuou a sua marcha para parte incerta mas, no final da tarde de terça-feira, já havia sido localizado e internado no serviço de Psiquiatria do Hospital da Guarda, onde tudo começou. Fernando Girão confirmou apenas que este se encontrava «com perturbações psiquiátricas». O sujeito tem antecedentes psiquiátricos e, há algum tempo, era acompanhado no Hospital da Guarda em consultas da especialidade, «que interrompeu para ir para França». Como a PSP não conseguiu deter o indivíduo em flagrante delito, o caso seguirá para o Ministério Público e, mediante ordem judicial, será entregue à PSP ou à PJ.

Assaltos levam empresários a pedir mais policiamento

Na noite de domingo, o edifício da Joalto (na Avenida da Estação) e um café na Rua João Ruão foram assaltados, registando prejuízos materiais e alguns furtos. É a quinta vez que Irene Varandas se depara com o estabelecimento roubado. Desta vez, as contas da proprietária apontam para o furto de 300 euros em dinheiro, duas garrafas de whisky velho (50 euros) e quatro volumes de tabaco (129 euros). A estes valores juntam-se os 150 euros gastos na fechadura nova e no arranjo da porta. A comerciante já se acostumou a estas más notícias e, apesar do seguro cobrir os danos, vai colocar grades nas janelas e instalar um alarme. «Se houvesse mais rondas, isto não acontecia. Esta terra está a ficar uma miséria», lamenta. Na Avenida da Estação, a Joalto viu subtraídos pouco mais de 20 euros da caixa registadora. Pior foram os danos materiais. Os ladrões tentaram, sem sucesso, violar o posto de abastecimento de combustível e danificaram a porta de acesso ao escritório e a máquina registadora. Paulo Gomes, da Joalto, recorda que «ainda há pouco tempo foram roubadas quatro botijas de gás. São dois ataques mais ou menos seguidos, o que em termos de segurança nos começa a preocupar». A preocupação já levou a empresa a acautelar a segurança e as instalações que brevemente serão inauguradas no local vão ter videovigilância, numa forma de combater a «falta de policiamento», refere Paulo Gomes. A PSP já tem algumas pistas e está «a efectuar diligências», remata o seu comandante, Luís Viana.

Situações «não acontecem todos os dias» mas PSP vai reforçar vigilância

Confrontado com os pedidos de um policiamento mais intensivo, Luís Viana diz que «esse reforço tem vindo a ser efectuado e será complementado durante o Verão». Ainda assim, refere que situações como as desta semana «não acontecem todos os dias». «São situações de pico e sem paralelo na cidade. Como há pouca criminalidade, as pessoas assustam-se com um ou dois assaltos na mesma noite», justifica. «A Guarda é de longe a capital de distrito com mais segurança e onde mais se tem reduzido a criminalidade», reforça. Por outro lado, colocar um número muito maior de patrulhas nas ruas «exige meios desproporcionais» e acredita que esse nem será o melhor caminho: «A situação resolve-se identificando e punindo os criminosos, de forma a dissuadir quem pretenda prevaricar». De resto, «temos taxas de resolução de crimes muito acima da média nacional». Os agentes que estavam ao serviço do Programa Escola Segura serão canalizados para o policiamento de rua, bem como alguns elementos dos serviços internos.

Igor de Sousa Costa

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