1. Depois de semanas de campanha, as expetativas serão muitas, mas, para quem está atento, as surpresas deverão ser poucas. Como aqui escrevemos, quem está no poder leva enorme vantagem sobre os adversários. As máquinas estão oleadas, o cheiro do poder atrai, os compadrios e o clientelismo são um fator determinante e a mudança é um risco que a maioria dos eleitores não gosta de correr. Assim, a reeleição deverá ser o denominador comum na generalidade das autarquias da região. É improvável, mas poderá haver surpresas em alguns concelhos – até ao lavar dos cestos vai haver vindima!
Na Mêda, onde o PS venceu sem maioria em 2013 (35%) tudo pode acontecer: o CDS que ficou em segundo lugar nas últimas eleições (com 29%) aposta tudo na vitória, mas o PSD, depois de um resultado desastroso em 2013 (17%) quer reconquistar a autarquia com Aires Amaral – mas a divisão da direita deverá voltar a beneficiar Anselmo Sousa (PS).
Há quatro anos, discretamente, Paulo Langouva (PS) conquistou os eleitores de Figueira de Castelo Rodrigo e, quando todos esperavam uma vitória tranquila de António Edmundo (PSD), eis que, surpreendentemente, venceu o PS com 55% dos votos. Paulo Langrouva parte agora em vantagem sobre um Carlos Condesso (PSD) experiente e proactivo, que tudo está a fazer para recuperar a autarquia para o PSD. O PS parte em vantagem mas só domingo se saberá se repete vitória.
Em Manteigas, a expressão tantas vezes repetida em eleições, de que “por um voto se ganha…”, tem mais propriedade: em 2009 o PS ganhou por 300 votos mas em 2013 perdeu, de novo para o PSD, e de novo para José Biscaia, por 50 votos. Dia 1 se verá quem tem mais “um voto”.
Em Belmonte, o regresso de Amândio Melo, que foi autarca eleito pelo PS e agora é candidato do PSD, pode complicar as contas de António Rocha (eleito pelo PS, mas que também já foi candidato e autarca pelo PSD). Os dois eram amigos e companheiros de lista, agora são rivais por partidos contrários (trocaram de sigla) com vantagem, a priori, para António Rocha.
Diz-se que no Sabugal António Robalo deverá perder votos (teve 45% em 2013) entre o desgaste (candidata-se ao terceiro mandato) e a saída da vice-presidente Delfina Leal. O PS candidatou de novo António Dionísio (Toni), que nas últimas autárquicas se ficou pelos 36%. 500 votos é o que tem separado os dois partidos em eleições anteriores, domingo se verá se a tendência se irá manter. E saberemos se em Celorico da Beira o regresso de Júlio Santos (independente) poderá fazer mossa na herança socialista reclamada por José Albano Marques.
2. A Covilhã poderá ter uma noite eleitoral animada. Ou não! Vítor Pereira (PS) tem a preeminência para a reeleição, que poderá conseguir mantendo os 10 mil votos de 2013. Porém, não pode dormir descansado. O regresso de Carlos Pinto como independente (que em 2009 foi eleito pelo PSD com 17.931 votos e viu o “seu” candidato independente, Pedro Farromba, ter 8.144 votos em 2013) não deixa ninguém descansado. Todavia, a erupção da candidatura de Carlos Pinto preocupa mais a direita, pois o PSD desapareceu e Adolfo Mesquita Nunes, do CDS, a quem eram atribuídas muitas opções, inclusive a de poder ganhar, fica assim na expetativa, mas a disputa deverá ficar reduzida a Carlos Pinto e Vítor Pereira.
3. Na Guarda, depois de 37 anos de domínio socialista, Álvaro Amaro teve uma vitória retumbante há quatro anos, com 51% dos votos (12.222), contra um PS dividido, incompetente e estafado. Amaro quer, em 2017, uma vitória ainda mais expressiva (6-1) e improvável, mas entretanto perdeu o apoio do CDS (que em 2009, tendo como cabeça-de-lista Cláudia Teixeira, teve 1.291 votos). Os centristas apostam numa lista independente, encabeçada por Carlos Adaixo, que precisará de muitos mais votos para chegar à vereação. O PS, que durante quatro anos não existiu como oposição e foi de uma inépcia impressionante, andou desorientado até que Eduardo Brito aceitou carregar com o “morto”, unindo e agregando novos e velhos socialistas de um partido caduco e que não aprendeu nada com os erros, almejando eleger três vereadores – perdidas as Freguesias para o PSD, a sua força deverá agora radicar na cidade onde tenta recuperar alguns dos 6.700 votantes perdidos (em 2009, o PS teve 13.976 contra 7.097 do PSD; em 2013 o PS ficou reduzido a 7.223 votantes e o PSD teve 12.222). Missão impossível? Domingo se verá!
Luis Baptista-Martins