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Do Bruno a Dubovnic

Bilhete Postal

1- O presidente Bruno de Carvalho falou 100 minutos seguidos sobre o quê? Falou dele e dos projetos dele e dos sonhos que tem. Um narcisismo bacoco que lembra o pior do Castrismo e do Samora Machel. Há quem ouça um homem debitar 100 minutos de auto elogios e explicações de si próprio? Este homem tem um tiranete dentro, tem uma desfocagem da sua importância no mundo. Não percebem que são efémeros, que não ficam cá, que a sua obra pode ser engolida pelo deserto ou a floresta em pouco tempo. Há cidades onde viveram civilizações que foram “delete” pelo tempo e hoje renascem como “monumentos da humanidade”: Machu Picchu, Angkor Wat, “Cliff Palace” (Palácio Cliff), cidade maia de Tikal. Talvez alguém explique ao Bruno que o tempo que ele fez 700 pessoas ouvir os seus cem minutos de vaidade é um rio de horas que já nenhum recorda e só passaram seis dias. Esgotar a Assembleia sem esgotar o assunto é um método dos ditadores para não haver inscrições depois deles. Eu fiquei espantado. Claro que eu me tinha retirado, claro que tinha gesticulado e claro que tinha dado nota de indignação. Todos temos um tempo útil e um tempo certo, só os vaidosos, os narcisos acham que os queremos ouvir durante horas. Vai-te embora Oh Melga!

2- Ser intolerante a tudo é diferente de ter limites de convívio. Há um biltre que me deixou a porta trancada com o seu carro. Há outro selvagem que tapou uma garagem de dez automóveis. Que fazer? Um destravado matou o vigésimo cidadão que lhe trancou o portão. O trânsito é um lugar de grandes intolerâncias e um espaço de egos violentos. O descontrolo! Há quem dispare uma bala por quase nada. Há quem tenha como gatilho o ciúme e quem mate por uma suspeita. Há países que matam pessoas por crimes que talvez tenham cometido. Aqui e ali vai um que era inocente. A intolerância é um pecado que não está entre os sete bíblicos. A intolerância é prima direita do descontrolo e daí as manifestações no Niger que queimam Igrejas, dos loucos que riscam e atacam mesquitas. O fanatismo religioso levou à morte do turismo na Argélia. O fanatismo político à quase destruição de Dubrovnic. A ganância fanática à decomposição do Lehman Brothers e à catástrofe financeira que ainda vivemos.

Por: Diogo Cabrita

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