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Distrito da Guarda tem perto de 50 casos de Gripe A

Duas crianças com menos de um ano de idade foram infectadas, mas não há casos graves a registar

Numa altura em que se avizinha o regresso às aulas e às rotinas laborais, o coordenador do Serviço de Atendimento à Gripe A (SAG) da Guarda prevê um crescimento do número de doentes infectados, à semelhança do que se espera, de resto, um pouco por todo o país. Na última terça-feira, o distrito contabilizava um total cumulativo de cerca de 50 casos desde o início de Agosto, sabe O INTERIOR.

«Entrámos agora numa fase em que se deixa de fazer esse tipo de somatório», refere José Valbom, que volta a recusar falar em números. Com a chegada da chamada fase de mitigação, em que há transmissão directa nas comunidades, «deixa de haver preocupação com a propagação da doença», explica o coordenador do SAG, recordando que só são feitas análises a pessoas integradas nos grupos de risco – ou com sintomas continuados no tempo – e que os casos suspeitos leves são tratados com medicamentos antipiréticos. «Ou seja, como há quem se cure só com antipiréticos, sem análises e recurso ao Tamiflu, muitos dos casos não serão diagnosticados», afirma José Valbom, que diz que «os números deixam, por isso, de ter sentido».

De acordo com o responsável, até ao momento «têm-se registado apenas casos leves» na região, sem que tenha sido necessário recorrer a internamentos. «Um fenómeno de pura sorte», avalia José Valbom, ao revelar que, de entre os casos confirmados no distrito, estão duas crianças, de nove e 11 meses. Todos os doentes que foram infectados por esta nova gripe de origem suína no início e meados de Agosto «recuperaram bem», garante. «Nos últimos dias, tem estado tudo bastante calmo no distrito, até porque já acabaram as festas de Verão», afiança.

A acontecer um cenário pandémico, com o mais negro a apontar para 20 a 30 por cento da população infectada, «o distrito da Guarda estará preparado como todos os outros do país», antevê, salientando que «os organismos públicos, as instituições e as escolas da região têm planos de contingência ou estão a desenvolvê-los». São vários os responsáveis por estabelecimentos de ensino e instituições que têm procurado ajuda junto do coordenador do SAG nesse sentido: «Já me procuraram, por exemplo, professores das Escolas da Sé e Afonso de Albuquerque e ainda da CERCIG», indica. Além disso, os centros de saúde da região estão a criar espaços de atendimento à gripe, semelhantes ao SAG da Guarda, tal como está a acontecer em todo o país.

A Direcção-Geral de Saúde prevê que os jovens com menos de 19 anos serão os mais afectados este mês, mas «a concentração nos espaços de trabalho, com o fim dos períodos de férias, também poderá levar a um aumento do número de infectados», explica José Valbom. No caso das pessoas detectarem sintomas gripais, este responsável apela a que se dirijam aos centros de saúde e se mantenham em casa – para evitar o que aconteceu em Aldeia da Ponte (Sabugal), que foi o primeiro foco de contaminação do distrito, com cerca de 20 casos, onde houve doentes que não cumpriram os períodos de quarentena.

Já em relação à Covilhã, o delegado de saúde diz que ainda «não há casos de transmissão na comunidade» e que os que foram diagnosticados são situações «importadas do Algarve». «Portanto, significa que não há “clusters”», assegura João de Deus. Segundo este responsável, não terão sido diagnosticados mais do que quatro casos na Covilhã. No início da semana, ainda houve suspeitas de uma morte provocada por Gripe A, mas «exames laboratoriais concluíram em nada estar relacionado» com o vírus, garantiu Miguel Castelo Branco, médico que acompanhou o caso. A vítima, de 25 anos de idade, deu entrada na semana passada no Hospital Pêro da Covilhã, e a causa da morte terá sido uma pneumonia atípica, informou o especialista.

Quatro casos em Carpinteiro na semana passada

Na pequena aldeia de Carpinteiro, no concelho da Guarda, estiveram na última semana quatro pessoas em quarentena, com Gripe A – de entre as quais uma das duas crianças com meses de vida referidas por José Valbom –, apurou O INTERIOR. Uma mulher e um jovem residentes nesta terra foram contaminados num restaurante da cidade, onde trabalham, com um cliente a ter sido a fonte de transmissão. A mulher acabou por transmitir o vírus ao filho que, por sua vez, contaminou uma criança. Nesta anexa da freguesia de Casal de Cinza, «os casos foram controlados logo no início e não há a registar quaisquer problemas ou propagação», assegura José Valbom. De acordo com uma moradora na aldeia, Magda Rodrigues, todos têm conhecimento dos casos e a população tem reagido «sem grandes exageros ou alarmismo», estando «tudo muito tranquilo».

Chegou a haver suspeitas de uma morte provocada por Gripe A na Covilhã

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        Gripe A

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