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Diocese quer vender terrenos do Seminário do Fundão

Verba do negócio servirá para «aliviar o esforço» financeiro na remodelação do edifício

A Diocese da Guarda prepara-se para vender parte dos terrenos agrícolas do Seminário Menor do Fundão. A perda de alunos é um dos motivos, já que nos últimos anos o número de inscritos diminuiu drasticamente. Este ano há apenas seis estudantes, quando eram cerca de 100 em 1998 ou 300 há algumas décadas.

Na altura da construção da A23, a Diocese cedeu parte dos terrenos ocupados pela vinha do seminário, pelo que D. Manuel Felício reclama agora que a urbanização de outra parcela de terrenos não seja dificultada pela Câmara do Fundão. Os moldes que envolvem este negócio são ainda uma incerteza. O INTERIOR apurou que D. Manuel Felício e Manuel Frexes, presidente da autarquia, reuniram na passada terça-feira e que este assunto esteve em cima da mesa. Os terrenos em causa ainda não estão definidos, mas o Bispo da Guarda garante que a tranquilidade necessária aos serviços do seminário não está em risco, salvaguardando desde já «uma zona envolvente significativa». Em causa estão «dois espaços largos nas imediações do Fundão» que a Diocese quer «passar de espaço rústico a urbano, com todas as condicionantes que daí advenham», confirmou o prelado. D. Manuel Felício refere-se à urbanização e rentabilização dos terrenos, «em função da política de desenvolvimento da malha urbana» prevista pela autarquia.

Outrora, os terrenos serviram para o cultivo de produtos agrícolas para consumo interno, bem como para a pastorícia de gado próprio. Agora, a rentabilidade pode vir da sua venda, cuja verba permitirá suportar os custos da remodelação do Seminário: «Habitualmente, as pessoas da Diocese são generosas quando se apresentam projectos válidos, mas se conseguirmos vender terrenos rurais, isso alivia o nosso esforço», explica D. Manuel. O objectivo é adequar o espaço às necessidades de agora, estando previsto transformar o edifício num Centro Pastoral do Sul da Diocese. «O Seminário do Fundão é uma obra feita noutros tempos, outras realidades, com um sistema escolar diferente em que a rede escolar pública não tinha nada a ver com aquela que hoje existe. Neste momento as realidades são outras», acrescenta o Bispo. Os internos tiveram aulas no edifício até ao último ano lectivo, deslocando-se actualmente os seis estudantes para o Externato de Nossa Senhora dos Remédios, no Tortosendo.

«Isso já acontecia em todos os seminários menores portugueses, cujos alunos frequentavam a escola pública», recorda, acrescentando que aos seminários ficam assim reservadas «tarefas específicas de formação espiritual, humana e acompanhamento vocacional». Tendo em conta esta situação, D. Manuel Felício considera que aquele espaço estava «claramente subaproveitado», uma vez que a redução de alunos liberta «muito espaço que pode ser aproveitado para outras finalidades». No futuro Centro Pastoral do Sul da Diocese deverão ser desenvolvidas actividades de formação espiritual e formação dos serviços que a Diocese tem nas paróquias daquela zona. Contudo, o Bispo refere que tudo está ainda «em reflexão quanto às opções concretas a tomar».

Igor de Sousa Costa

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