Foi um verdadeiro “festival” de golos falhados. O Fornos de Algodres cimentou domingo a liderança do Distrital da Guarda após ganhar por três bolas a zero ao Mileu, que continua na segunda posição, mas agora a quatro pontos de distância. A partida ficou marcada pelas inúmeras ocasiões desperdiçadas pela equipa da casa, que soube tirar partido da expulsão de Bobô, um dos melhores guardenses, logo aos 16’.
Este era o jogo grande da jornada. Frente a frente estavam os dois primeiros, separados apenas por um ponto, com a curiosidade do Mileu surgir como a única equipa sem derrotas ou qualquer golo sofrido fora do seu reduto. Contudo, nos primeiros minutos, as equipas não corresponderam às expectativas do muito público que se deslocou a Fornos. Até que aos 16’, depois de um ataque do Mileu, Bobô viu o cartão vermelho directo por, alegadamente, ter agredido João Abel. A jogar com mais um homem, o Fornos aproveitou então para controlar o desafio e, três minutos após a expulsão, Lote poderia ter inaugurado o marcador, mas, completamente isolado, rematou fraco. O Fornos continuou a pressionar e, com alguma naturalidade, inaugurou mesmo o marcador. Yuri trabalhou bem na direita do ataque, foi à linha cruzar para a zona central da área onde apareceu Rebelo a rematar para o fundo das redes. A equipa da Guarda tentou reagir, mas sem resultado. No segundo tempo, os homens de Paulo Barra regressaram com vontade de dilatar a vantagem e logo aos 47’, o recém-entrado Bruno poderia ter marcado depois de uma assistência de Rebelo, mas a bola saiu rente ao poste direito.
Na jogada seguinte gerou-se a confusão na área do Mileu, com vários remates à baliza, valendo o corte em cima da linha de Ricardo. Aos 51’, nova grande perdida para a equipa da casa. Combinação entre Yuri e Rebelo, que, isolado em zona frontal e só com Nuno Morais pela frente, rematou muito torto. Na resposta, o Mileu podia ter empatado naquela que foi a sua melhor oportunidade em todo o encontro. Roberto cruzou largo para a área onde Tiago ganhou aos centrais contrários, mas o remate saiu por cima. O problema é que esta aparente reacção não teve continuidade e o Fornos continuou a esbanjar oportunidades. Assim aconteceu aos 57’, por Lote, e aos 62’, por Rebelo. Aos 79’ pensou-se que a tendência do jogo poderia mudar devido à expulsão de Xilipê, que viu o vermelho após uma jogada junto à linha que envolveu o técnico do Mileu. Mas foi o Fornos que ampliou a vantagem. Yuri decidiu tirar um “coelho da cartola”, marcando um grande golo com um “míssil” disparado de muito longe que só parou no fundo das redes. Aos 85’, o Mileu reagiu, mas Inácio conseguiu antecipar-se a Barata que aparecia isolado. Três minutos depois, Yuri “matou” definitivamente a partida ao apontar o terceiro golo, depois de um contra-ataque conduzido por Bruno. Até final da contenda, o Fornos desperdiçou mais duas oportunidades flagrantes para a goleada, primeiro, por Cardoso e depois por Bruno.
O jovem árbitro Luís Brás esteve em bom nível, tendo o benefício da dúvida nos lances das expulsões por nos encontrarmos longe das jogadas. Satisfeito com uma vitória «muito saborosa» estava Paulo Barra, que garantiu que o Fornos «vai fazer tudo para aguentar os quatro pontos de vantagem». Da parte do Mileu, o técnico Liberalino Almeida não quis falar, mas o vice-presidente para o futebol, Miguel Proença, teceu duras críticas ao trio de arbitragem: «Foi um resultado injusto para nós. O Mileu demonstrou que continua a ser a melhor equipa do Distrital, mas a jogar contra 14 não há ninguém que consiga ganhar».
Ricardo Cordeiro
