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Dão não quer Beira Interior

Comissão Vitivinícola apresentou candidatura conjunta com mais três regiões para a criação de uma entidade certificadora dos vinhos das Beiras

A Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) apresentou uma candidatura conjunta com a Bairrada, Terras de Sicó e ViniSicó para a criação de uma entidade certificadora dos vinhos das Beiras. De fora deste entendimento ficou, para já, a Comissão do Dão, que terá avançado com uma candidatura única. Cabe agora ao Ministério da Agricultura aceitar ou recusar este entendimento, desconhecendo-se ainda quando poderá haver decisão.

A candidatura subscrita pelas Comissões da Beira Interior, Bairrada, Terras de Sicó e ViniSicó foi entregue a 23 de Dezembro no Instituto do Vinho e da Vinha. Na semana passada realizou-se uma nova reunião, na Anadia, entre os responsáveis daquelas quatro regiões que serviu, essencialmente, para «fazer um ponto da situação da candidatura e para uma troca de impressões», adianta João Pedro Esteves, presidente da CVRBI. O responsável realça que «ainda não se sabe se o Dão fica de fora» desta entidade. Mas caso esta candidatura for aceite, o Dão deverá «ficar incluído na nossa entidade, que poderá certificar todos os vinhos da região Centro», salienta. O dirigente refere que a nova entidade certificadora das Beiras vai permitir que cada Comissão mantenha «a sua identidade própria». No caso da candidatura do Dão seria diferente, pois «queriam ser eles a aglutinar tudo. Se quiserem aderir nós estamos abertos, mas não podemos deixar que dominem a seu belo prazer, como previam os seus estatutos».

A criação desta entidade certificadora prevê a utilização de um laboratório do Estado, localizado na Anadia, para verificação das amostras. O próximo passo é aguardar pela resposta do ministério, sendo que poderão ser, eventualmente, solicitadas algumas alterações à candidatura inicial. Em relação a prazos para a divulgação do resultado da candidatura, «só a tutela poderá dizer quando haverá resposta», adianta. Quanto às possíveis vantagens que a entidade certificadora poderá trazer, João Pedro Esteves refere que uma das premissas que levou à criação deste novo sistema era a de «reduzir despesas». Contudo, o responsável diz-se «convicto» de que as despesas não vão diminuir. «Poderão até subir, mas só o tempo o dirá», vaticina. O que também não quer dizer que o modelo actual seja perfeito, uma vez que, segundo o presidente da CVRBI, «não havia razão para um elemento do Estado estar nestas comissões, já que elas são compostas pelos agentes económicos».

O ministro da Agricultura, Jaime Silva, anunciou recentemente que tenciona reunir individualmente com cada uma das comissões vitivinícolas regionais do Centro para que apresentem uma candidatura única à constituição da entidade certificadora, já que é «importante ter dimensão e só haverá parcerias para quem tiver dimensão», disse. «Estamos num mercado globalizado e não faz sentido apoiar projectos de pequenas regiões do país com pequenos envelopes financeiros. A nossa sobrevivência passa por juntar esforços», avisou o governante.

Ricardo Cordeiro

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