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D. Manuel apela à vida na mensagem de Natal

Numa clara alusão à polémica temática da despenalização do aborto

Numa altura em que se preparam as campanhas para o referendo sobre a despenalização do aborto, D. Manuel Felício fez um apelo à defesa da vida. Este foi um dos principais desejos contidos na mensagem de Natal do Bispo da Guarda, divulgada na última segunda-feira. «Toda a vida que começa, como a do menino de Belém, já desde o seio materno, é um mistério de maravilha», enalteceu.

Ao longo da sua intervenção, intitulada “O presépio, lição de vida, de amor e de paz”, D. Manuel espelhou o desejo da «defesa da vida, que é uma responsabilidade de todos os cidadãos», numa clara alusão à polémica temática da despenalização do aborto. E acrescentou que a sua mensagem vai «no sentido de contemplar a beleza da vida», pois, para o Bispo, «a vida nasce pequenina, frágil, com necessidade absoluta de ser generosamente acolhida e protegida, mesmo quando parece complicar planos particulares da mãe ou do pai, ou de outras pessoas, ou mesmo da sociedade como tal». Utilizando uma analogia, lembrou as dificuldades do nascimento do Menino Jesus: «Também em cada criança, sejam quais forem as circunstâncias em que o seu percurso se iniciou, nós queremos ver sempre o sorriso de Deus e a Sua benção, mesmo que haja dificuldades e contra-tempos a superar, como aqueles que corajosamente souberam enfrentar José e Maria na cidade de Belém».

O prelado sublinhou ainda que o Natal convida-nos «hoje, de novo e antes de mais, a parar diante do Presépio, que é a Sua representação mais real e mais fiel», reforçando que aquela representação é também uma lição de amor: «Amor de uma família que se alegra com o nascimento do seu Filho e tudo faz para o receber bem». Por outro lado, o Presépio ensina-nos igualmente o que é a Paz «e como é que ela se constrói». Numa referência directa à situação do Iraque, o Bispo da Guarda sublinhou que a paz «só é verdadeira quando centrada na pessoa, na defesa e na promoção dos seus direitos e da sua dignidade, em todas as suas circunstâncias». Assim sendo, «a Paz nunca pode ser o resultado de um equilíbrio de forças e muito menos da imposição da lei do mais forte», conclui. Para D. Manuel Felício só há uma solução, «o respeito sagrado por todas e cada uma das pessoas, qualquer que seja a sua situação ou estado de desenvolvimento, desde a sua concepção à morte natural, pode garantir a paz e dar futuro na Humanidade». Aludindo à morte da jovem missionária, natural de Aguiar da Beira, no mês passado durante um assalto à Missão Fonte Boa, numa província moçambicana, o Bispo da Guarda termina sua mensagem dizendo que o primeiro dia do ano volta a ser o Dia Mundial da Paz, desta vez com o tema “A Pessoa Humana o coração da Paz”. No entanto, D. Manuel ressalva ainda que «só pode haver paz se os direitos humanos forem respeitados».

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