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Crónica de férias

Agora Digo Eu

Todos os sentimentos esdrúxulos são ridículos – escreveu Álvaro de Campos. Todas as decisões políticas são efetivamente esdrúxulas. Haverá assim decisões, umas mais ridículas que outras. É por isso mesmo que existem diplomas ridículos, dignos de riso, de escárnio, que não sendo falsos, obrigam o cidadão a cumprir, continuando a serem esdrúxulos e ridículos.

Espanha é o país com maior quantidade de hectares de vinha plantada e o 3º a nível mundial na produção de vinho com “pomadas” caras de um néctar digno dos 12 deuses do Olimpo. Desde um Rueda, Ribeira de Duero, Navarro, La Mancha ou um Jerez há para todos os gostos. No país da “tapa” quase sempre acompanhada com Valdepeñas ou La Rioja, o governo espanhol tomou a decisão de baixar, nalguns casos, a taxa de alcoolemia, pretendendo agora multar os pais pelas bebedeiras dos filhos menores, ao mesmo tempo que aumenta multas e penas aos condutores alcoolizados (o que não parece mal) autorizando a entidade fiscalizadora a poder realizar testes ao humilde cidadão que, estando em pleno gozo dos seus direitos, resolve ir pelos seus próprios meios, beber uns copos. C’os diabos…

Não sei se este esdrúxulo e ridículo diploma pretende desviar atenções de um governo e de um 1º ministro completamente desacreditados pelo caso Bárcenas, o tal que tem informação suficiente para fazê-los cair, possuindo o antigo tesoureiro do Partido Popular documentos em que lhe é pedido para negar a existência de contabilidade paralela no PP espanhol. E se as pequenas e médias empresas estão a falir a um ritmo estonteante, a entrega de casas à banca a uma média de 300/dia, o desemprego o maior da zona euro, Rajoy é hoje indiscutivelmente o pior 1º ministro da Europa, mesmo percebendo-se da existência de um Coelho em Portugal e de um Samarás na República Helénica e se o ditado “in vino veritas”, perdurou ao longo dos séculos e se destaca como verdade universal, melhor seria que alguns políticos, antes de depor perante os seus fiscalizadores, bebessem um copito, daquele que negam aos outros, conseguindo assim arrancar-lhe alguma verdade, deixando de ser esdrúxulos e ridículos e, quiçá, a vida política adquirisse maior verdade e transparência. Se assim fosse, é certo e sabido, que muitos dos Rajoys por essa Europa fora tinham os patins calçados.

Vem aí a campanha eleitoral onde são gastos rios de dinheiros em propaganda num país em crise. Estaremos atentos, despertos e interessados aos gastos de partidos e coligações a fim de não serem permitidos truques e chico-espertimos de contabilidade paralela, tal qual aconteceu no PP espanhol, recordando apenas o que determina a legislação portuguesa no apoio de privados aos partidos, coligações e movimentos, tendo em conta a redução de subvenções e limites máximos dos gastos em campanhas eleitorais, havendo ainda mais uma pequena nota a salientar. O cidadão que está a ser roubado, quase fuzilado por este (des)governo não gosta de ver grande ostentação, de uma propaganda vaidosa proveniente de escaparates exibicionistas onde é notória a presença de ambição desmedida de certas e determinadas candidaturas, dando todos os entenderes que não se olhe a meios para atingir eventuais fins. Em política, como na vida, nem tudo vale tudo. Apresentem decentemente e com elevação as vossas ideias, respeitando o cidadão que sofre no dia-a-dia as agruras das decisões políticas destes pretensos “senhoritos”, esdrúxulos e ridículos, que assentaram arraiais em S. Bento já lá vão 2 anos, 1 mês e 18 dias e abanando como canas verdes, de crise e crise, de escândalo em escândalo, de remodelação em remodelação, completamente desacreditados, sem pingo de vergonha e sem forma de caírem…

Por: Albino Bárbara

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