Promover e dar visibilidade a «uma coisa boa, uma iguaria», da cidade mais alta é o objetivo da recém-formada Confraria da Morcela da Guarda.
Segundo o seu fundador, Acácio Pereira, este é um produto que «tem tudo para vencer, tem potencial de comercialização e viabilidade económica porque é único, mas tem estado desaproveitado». Registada na Guarda, a Confraria, entidade sem fins lucrativos e que surgiu por vontade de alguns apreciadores, quer contribuir para a valorização da morcela, «um produto feito com ingredientes pobres mas que é delicioso». O mentor do projeto sublinha que é preciso «dar-lhe a dignidade que merece, porque serviu de sustento a uma série de gerações», sendo também a Confraria uma «homenagem às nossas mães que, com os seu saberes, evitaram que este produto endógeno se perdesse ou fosse desvirtuado».Com Indicação Geográfica Protegida, a morcela da Guarda é um enchido feito com sangue e gorduras de porco, a que se juntam pão de trigo, cebola picada, sal, cominhos, colorau e salsa.
Acácio Pereira adianta que o que distingue a morcela da Guarda das restantes são «os ingredientes, a sua qualidade», e o facto de «“saber” a serra». De acordo com os estatutos da Confraria são seus objetivos «a defesa, o prestígio, a valorização patrimonial, a promoção da morcela e todos os seus derivados, bem como a promoção de tudo o que direta e indiretamente possa contribuir para a defesa e valorização da morcela, na vertente da produção, transformação, investigação científica e tecnológica». O promotor da iniciativa, que desafiou para o projeto dois amigos, António Carlos Santos e Jacinto Dias, refere que o próximo passo é fazer o registo da Confraria na Federação das Confrarias Portuguesas e realizar a cerimónia de entronização dos primeiros confrades ainda este ano.
«Queremos envolver toda a gente que tenha interesse em promover o que é nosso e a nossa terra. Futuramente, e juntamente com os produtores, pretendemos também trabalhar e zelar pela correta produção da morcela da Guarda», declara Acácio Pereira.