Por carta registada, enviada no dia 4, a Câmara da Covilhã “despejou” os lojistas do último piso do Mercado Municipal. Agora, os 15 comerciantes têm até ao final do mês para abandonar o espaço.
Como seria de esperar, a decisão não agradou aos vendedores, que garantem não terem onde vender ou guardar as suas mercadorias. Na semana passada reuniram na Câmara Municipal. «Foi-nos dito que vão construir um novo espaço na parte superior do centro comercial Sporting», adianta Maria Helena Almeida, uma das comerciantes “afectadas”, dizendo que não foram referidos prazos para o início das obras. E acrescenta: «Eu não acredito que isso vá acontecer, até porque aquele espaço nem pertence à Câmara e mesmo que seja verdade… Até lá vou ficar sem emprego?», interroga-se, perguntando ainda onde vai guardar o material das suas três lojas de roupa. Com 53 anos, a comerciante recorda-se dos tempos em que vendia no Campo das Festas e das promessas de Carlos Pinto: «O senhor presidente prometeu-nos que fazia umas lojas aqui no Mercado. Na altura demos todos muito dinheiro, só eu participei com quase 200 contos para uma loja e nesse tempo éramos 53 lojistas», recorda, receando que tenha investido neste espaço «para nada» desde 1999.
«Este mês ia pagar a renda, de 140 euros, e já não ma aceitaram. Disseram-me que tinha que sair porque a Câmara vai aqui criar novos postos de trabalho», refere. Para Maria Helena Almeida, o certo é que não pode ficar sem trabalho e muito menos sem clientes: «Não pedimos muito, apenas queremos um espaço para podermos ganhar o nosso», sublinha. O mesmo pede Jerónimo Gaspar, de 53 anos, comerciante há mais de três décadas. «Paguei 205 contos pelas duas lojas que ainda hoje mantenho e, entretanto, já investi muito mais em balcões, mobílias e estores», elenca, perguntando também aonde vai guardar a sua mercadoria. Mas o pior será arranjar emprego «com esta idade».
Instalação de “call center” é «informação falsa», diz Carlos Pinto
O vereador Victor Marques garante que a decisão se mantém, mas diz nada saber quanto à sua transferência para a parte superior do centro comercial “Sporting”. No entanto, a mudança já foi confirmada a O INTERIOR por Carlos Pinto. Está agendada para esta tarde uma nova reunião entre os lojistas e a autarquia. Entretanto, a Covilhã deverá ter um novo Mercado Municipal, cujo concurso para a elaboração do projecto de arquitectura deve ter sido aprovado ontem, em reunião de Câmara extraordinária. Até lá, o presidente covilhanense escusou-se a adiantar mais pormenores. Já quanto à possível instalação de um “call center” da Vodafone no último piso do mercado, o autarca garantiu tratar-se de «uma informação falsa». Ainda assim, da agenda da reunião de ontem constava um ponto sobre “Investimento e criação de emprego – cedência de espaços municipais”.
Rosa Ramos
