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Cooperativa vai juntar produtores de queijo de Fornos de Algodres

Organismo terá por missão procurar novos circuitos de comercialização, regular os preços e criar marca agregadora

A falta de união regional na promoção e comercialização do queijo Serra da Estrela vai ser combatida em Fornos de Algodres com uma cooperativa de produtores do concelho. Esta é mais uma tentativa para ganhar escala num sector envelhecido, mas ainda lucrativo, depois da associação intermunicipal com Celorico da Beira (FORCEL), anunciada em 2005, não ter passado das intenções. «A Câmara está a dinamizar o processo, mas terão que ser os produtores a organizarem-se para defender as mais-valias geradas por este produto genuíno», adianta José Miranda.

Segundo o presidente do município, a esta entidade caberá procurar novos circuitos de comercialização e distribuição, mas sobretudo a regulação dos preços e a criação de uma marca agregadora. «O queijo mantém-se a preços de há 10 anos atrás, o que não valoriza a sua qualidade», lamenta, considerando que está a ser vendido «muito abaixo do seu real valor». Este ano na tradicional feira, realizada no domingo, o queijo certificado foi vendido a 15 euros o quilo, enquanto o não certificado, mais presente nas bancas, custava 13 euros. «Outros preços só com um produto verdadeiramente regional, para ganhar escala e ter força comercial», acredita José Miranda. Mesmo assim, esta é uma actividade que envolve «mais de metade» da população activa do concelho. Em Fornos de Algodres produzem-se anualmente cerca de 100 toneladas de queijo Serra da Estrela e 25 toneladas de requeijão, estando referenciados no Gabinete de Apoio à Ovinicultura da autarquia 160 produtores – mas só uma dezena marcou presença no recinto do Mercado Municipal.

A certificação é outro problema do sector. «O processo não é atractivo nem compensador face às exigências pedidas ao produtor», refere, constatando que estes abdicam normalmente do selo e optam por vender um produto apenas legalizado em termos higiénico-sanitários numa queijaria licenciada. «É quase ao mesmo preço», constata o edil, lembrando que em Fornos há apenas três queijarias certificadas num total de 65 licenciadas. «Este procedimento tem que ser repensado e agilizado, sob pena de, qualquer dia, só ouvirmos falar do queijo da Serra como uma lembrança», avisa. Nesse sentido, espera que o próximo Quadro Comunitário de Apoio «não esqueça estas unidades familiares que têm contribuído decisivamente para que evitar uma maior desertificação no interior do país». Entretanto, ainda não é desta que os municípios da corda da Serra estão juntos na promoção do queijo. A ideia de uma grande e única feira na região é tão antiga como, aparentemente, impossível de concretizar, como se comprova todos os anos.

«Infelizmente, é cada um por si. Passados estes anos, já ninguém acha que os autarcas estão disponíveis para realizar um grande evento e abdicar da sua feira local», lamenta José Miranda. Mas o município fornense espera dar o primeiro passo para a união graças à cooperativa. «De início vamos trabalhar isoladamente, mas o projecto está aberto a produtores de outros concelhos e eventualmente a outras Câmaras», desafia. No último domingo, o frio e a antecipação do certame – previsto inicialmente para 11 de Fevereiro, dia do referendo sobre a despenalização do aborto – parecem ter desmotivado a participação de muitos produtores locais. Contudo, ter-se-ão vendido cerca de 100 quilos de queijo. As próximas feiras acontecem em Gouveia (16 a 20 de Fevereiro), Seia (dia 17) e Celorico da Beira (dias 23 e 24).

Luis Martins

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