A Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Gouveia vai deixar de laborar durante a próxima campanha e não está excluída a possibilidade de vir a encerrar definitivamente. Em causa está a incapacidade financeira para responder a uma série de investimentos impostos pela legislação em vigor para o sector.
Trata-se de exigências que, segundo Joaquim Lourenço, presidente da cooperativa, «implicariam um investimento da ordem dos 100 mil euros» para obras de adaptação e correcção estrutural, sem as quais não será possível obter licenciamento e continuar em actividade. A lei exige uma série de remodelações que, explica Joaquim Lourenço, contemplam a substituição do tecto, a colocação de várias divisórias, azulejos e «outras obras de adaptação estrutural», além da aquisição de novas máquinas. Para agravar a situação, há ainda a questão do escoamento dos efluentes. Actualmente a cooperativa dispõe de uma pequena ETAR de pré-tratamento dos resíduos, equipamento que é insuficiente. Aliás, a licença para esse efeito terá caducado «em Outubro do ano passado» e não foi renovada, precisamente por falta de dinheiro, adianta Joaquim Lourenço. «É agora necessário investir numa estação de tratamento maior e que custará mais 100 mil euros», acrescenta.
Para 18 de Novembro está agendada uma Assembleia-Geral, onde os sócios vão debater a viabilidade e a rentabilidade destes investimentos. Contudo, não está excluído o fecho definitivo da cooperativa, «caso o actual cenário se mantenha e não haja novos apoios e parcerias», alerta o dirigente. Nesta campanha, uma das medidas a levar a cabo passará pela alienação de património para construir «de raiz» novas instalações com as receitas obtidas. De resto, o presidente admite que a actual localização «deixa muito a desejar, sobretudo devido à proximidade com zonas residenciais». Em laboração desde 1956, a Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Gouveia congrega, actualmente, 270 produtores de azeite, oriundos dos concelhos de Gouveia e Seia. Caso encerre, estes serão forçados a recorrer a privados, embora Joaquim Lourenço admita que até assim «poderão surgir dificuldades», uma vez que a crise do sector «é generalizada» por causa das «exigências a nível ambiental». Na última campanha, a cooperativa produziu cerca de 220 toneladas de azeitona.
Rosa Ramos