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ComurBeiras, que solução?

Enquanto Carlos Pinto defende Comunidade Urbana, Joaquim Valente acredita na sua dissolução

Os 12 municípios da ComurBeiras continuam num impasse quanto ao futuro da Comunidade Urbana das Beiras. Se para alguns autarcas é certa a sua continuidade, outros admitem que o fim é a solução mais provável. O futuro da Comurbeiras ficará definido até ao final do ano, quando for realizada uma reunião, ainda sem data marcada, com todos os intervenientes.

Para o recém-eleito presidente da Câmara da Guarda, trata-se de um projecto que está «condicionado, sem força e sem conteúdo em termos de acção». Dizendo-se um regionalista convicto, Joaquim Valente considera que a chave para o futuro é fácil: «Vamos assumir e ser protagonistas de uma região a sério, com massa crítica», desafia, ao defender uma região com área geográfica considerável «do litoral até à fronteira». Por isso, a Comurbeiras «não faz sentido», adianta. Até porque as Câmaras podem associar-se «para defenderem associações ou interesses comuns entre municípios vizinhos ou circunvizinhos», realça o edil, acrescentando que, neste momento, estão criadas as associações necessárias para fazer face às necessidades. Isto é, a Associação de Municípios da Cova da Beira e a empresa intermunicipal Águas do Zêzere e Côa. «Portanto, esta pseudo-regionalização não faz sentido nenhum, não tem contexto nem força política para se poder implementar», sustenta Joaquim Valente. No entanto, considera que os autarcas do distrito devem unir-se para que a região que propõe seja vista como «um conjunto de distritos com objectivos e interesses comuns».

Opinião diferente tem Carlos Pinto. O presidente da Câmara da Covilhã e da Junta da comunidade sustenta que a ComurBeiras «tem razão de ser e queremos mantê-la para desenvolver projectos comuns». E lembra que houve um movimento «por todo o país» de criação de comunidades e que o actual Governo é responsável por «não terem sido desenvolvidas». Entretanto, deverá ser marcada uma reunião até ao final deste ano para os envolvidos decidirem o futuro da comunidade. «Temos que deixar tomar posse todos os presidentes de Câmara, porque houve mudanças nalgumas autarquias», justifica Carlos Pinto. Por isso só nessa altura serão definidos os caminhos a seguir, nomeadamente se se confirmam ou não as pessoas indigitadas para os cargos, as acções estratégicas e a linha programática a desenvolver. Na sua opinião, as comunidades urbanas ou intermunicipais podem ser «muito úteis para o desenvolvimento das regiões devido à falta de recursos vindos da administração central», defende o autarca. Nesse sentido, Carlos Pinto desafia o Governo a tomar «medidas criativas, como a transferência de competências» para o domínio da comunidade urbana.

Porém, o edil da Covilhã lamenta «a falta de dinâmica de cooperação para construir soluções». Recorde-se que o secretário de Estado Adjunto da Administração Local, Eduardo Cabrita, disse em Julho, em Fornos de Algodres, que as áreas metropolitanas e as comunidades urbanas criadas durante o anterior Governo corresponderam a uma «falsa descentralização de ilusões». Na sua opinião, estas novas entidades territoriais redundaram numa «falácia» porque «nunca tiveram meios e muito menos um quadro de competências claro». Para além de serem meras associações de municípios sem poderes administrativos. A ComurBeiras é constituída por 12 municípios: Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel, Sabugal, Belmonte, Penamacor, Almeida, Covilhã, Guarda, Celorico da Beira, Mêda, Trancoso e Manteigas.

Patrícia Correia

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